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sexta-feira, setembro 19, 2025

Cliques, tempo em reunião e monitoramento de tela ao vivo: os programas que vigiam funcionários em home office

EconomiaCliques, tempo em reunião e monitoramento de tela ao vivo: os programas que vigiam funcionários em home office




Os programas podem capturar a tela, as conversas e o histórico de navegação, mostrar o teste de imagens da BBC Getty via BBC quando o Banco Itaú anunciou a renúncia de mais de 1.000 funcionários que trabalharam em um regime remoto ou híbrido na semana passada, uma das maiores surpresas para demitido foi descobrir a quantidade de informações sobre o que fizeram no conhecimento da empresa. O próprio banco explicou, como mostrou a BBC News Brasil, que mediu a atividade de funcionários por mais de quatro meses. Foram considerados o uso de mouse e teclado, chamadas de vídeo, mensagens, condução de cursos, pacote de escritório, entre outras métricas. Embora esse monitoramento de trabalho remoto não seja novo e tenha sido aplicado pelo menos desde que o boom do escritório em casa causado pela pandemia de coronavírus, o caso chamou a atenção pelo nível de detalhe desse tipo de vigilância. O banco nega que tenha feito telas, captura de áudio ou vídeo, pois isso poderia violar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Ainda assim, uma série de ferramentas de vigilância de atividades é aplicada há meses. Mas, afinal, o que exatamente esse tipo de programa pode fazer? A BBC News Brasil testou e analisou dois deles na semana passada, Xone e Teramind, assistiram a conteúdo publicado por usuários da plataforma, anúncios das empresas e identificou ações judiciais que citam a vigilância feita por essas ferramentas. Os testes da BBC mostram que esse tipo de programa permite que você veja em tempo real o que cada funcionário está fazendo, quais sites estão sendo acessados ​​e até mesmo identificados se o funcionário executou alguma ação em desacordo com as políticas da empresa (por exemplo, inserindo um site proibido ou email com dados sensíveis). No caso Xone, nosso teste não pode ser concluído. A empresa que a administração removeu o acesso à plataforma de demonstração de software durante o cálculo deste relatório após a repercussão das demissões do banco. Ainda assim, foi possível acessar informações em vídeos divulgados pela própria empresa e publicações em suas redes sociais. O jornal Folha de S.Paulo e outros veículos de imprensa afirmaram que Xone era o software usado pela ITAU, informações de que as empresas (o banco e o chefe de software) não confirmam ou negam. Felipe Oliveira, co-fundador da empresa que gerencia o Xone, disse por e-mail que o acesso aos testes foi removido devido ao volume de solicitações, mas que todas as solicitações já feitas por esse canal serão cumpridas. A BBC News Brasil não conseguiu retomar os testes, apesar de reiterar as solicitações. Itaú também recusou, por e -mail, para demonstrar como a plataforma funciona na empresa. Não é possível afirmar, no momento, quais dessas capacidades identificadas pela BBC foram ou não usadas pelo Banco Itaú. O banco declarou em comunicado que o monitoramento é restrito ao uso corporativo de software licenciado pela empresa. O Ministério Público do Trabalho (MPT) instituiu um procedimento de investigação na última terça -feira (16/09), no qual exige esclarecimentos à empresa sobre o episódio de demissões. O monitoramento da tela e o controle de computadores Teramind Demonstration possui tela de monitoramento ao vivo, com nomes de reprodução fictícios fundados em 2014, diz Teramind em seu site que está liderando “soluções comportamentais” e que atende a mais de 10.000 organizações em mais de 125 países. O apoio da empresa disse que eles têm “muitos” clientes no Brasil, embora não haja número específico. O programa de monitoramento da empresa está disponível para teste e oferece uma demonstração com dados fictícios no próprio site, sem instalar nada. Nele, você pode ver e testar uma função chamada “Visão geral da atividade ao vivo”, que mostra as telas reais dos funcionários. A BBC entrou em contato com o suporte da empresa para questionar possíveis problemas de privacidade e dados pessoais. Teramind disse que isso deve ser verificado com advogados em cada país e que não dá consultoria jurídica aos clientes. A lista de ferramentas da empresa é extensa. Estes são alguns exemplos: – Monitoramento do histórico de sites e aplicativos visitados pelo funcionário; – Visão e controle remoto do computador do funcionário; – atividades de mídia social; – Identificação automatizada de um possível comportamento malicioso ou não autorizado, registrado com ação em vídeo; – Interações por computador / produtividade (para este item, há um indicador de horas trabalhadas e taxa de atividade). A tela de demonstração da plataforma também mostra uma série de rankings, que informam quais são os sites mais acessados, os usuários com a atividade mais alta e possíveis práticas não autorizadas. Um deles mostra usuários que navegam em uma guia anônima, por exemplo. Existe até um alerta para aqueles que vão a sites de “busca de emprego” nesta demonstração, além de “enviar e -mail com informações confidenciais”. Em 2022, pelo menos duas ações no Tribunal do Trabalho brasileiro citaram Teramind em casos contra a mesma empresa de vendas de veículos em São Paulo. O proprietário da empresa do software não foi acusado de nada nem faz parte do processo, mas foi mencionado como uma plataforma de monitoramento. Nos contratos, a empresa de automóveis justifica o uso de software contratado como uma maneira de proteger dados internos – imagens de tela, conversas, dados do cliente. Em um dos processos, um ex -apresentador comercial solicitou o reconhecimento de um título trabalhista, alegando que sua rotina era um funcionário, pois até sua jornada era controlada via Teramind, que registrava horários on -line/offline e tempo ocioso. Em outro, o trabalhador afirmou que seu caderno foi monitorado e não podia recusar os clientes, pois o programa verificou se o serviço estava realmente ocorrendo e até mesmo espionar chamadas. A empresa não comentou esses casos específicos. O monitoramento de Teramind mostra comportamentos como o uso do navegador anônimo, sites de busca de emprego e envio de informações confidenciais pela classificação de produtividade de reprodução por email, visitou sites e geolocalização no caso da Xone, diz a empresa, em um vídeo no YouTube, que é possível “rastrear as atividades da equipe em tempo real”. O relatório criou uma conta na plataforma na semana passada, mas os testes foram suspensos pela empresa após o caso de demissões em Itaú. Foi possível identificar funções no menu do programa que permitem saber quais sites estão sendo acessados, quando e quanto tempo, o tempo de inatividade do funcionário e a geolocalização de computadores monitorados. As telas do programa mostram que é possível identificar quais programas estão sendo usados ​​por quanto tempo e quem os usa mais. Também existem opções para verificar a adesão ao dia de trabalho (vale lembrar -se, essa foi uma das razões usadas por Itaú para demissões; o banco alegou que essas pessoas não estariam trabalhando durante o período devido). A plataforma também permite visualizar a classificação de funcionários com menos adesão por percentual. O programa foi criado pela Arctica, uma empresa fundada em 2019 e que se apresenta com o objetivo de “ajudar as organizações a entender melhor seus ambientes digitais e extrair valor estratégico das informações disponíveis”. A Arctica diz que não divulga sua lista de clientes, mas atende a “serviços financeiros, telecomunicações, seguradoras, tecnologia e indústria”. Ele diz que recomenda boas práticas de transparência sobre o uso de seu software e que a responsabilidade de notificar funcionários é o empregador. Ele também enfatizou que “não faz gravação na tela, nem captura o conteúdo das comunicações pessoais (mensagens privadas, e -mails pessoais, postagens de redes sociais, áudios ou vídeos privados)”. O botão de teste do programa de monitoramento XONE foi removido do site após o caso da ITAU; A empresa diz que ainda é possível testar o software; BBC/Reproduction/Internet Archive ‘Pegue o computador até para beber água durante o escritório em casa’ Depois que a BBC News Brasil postou uma declaração de um funcionário da ITAU demitido, recebemos uma série de relatórios climáticos na empresa. Um dos demitidos relatou que os colegas que continuaram no banco estão se sentindo pressionados e com medo de serem enviados embora. “Então eles levam o computador até para beber água durante o escritório em casa”, disse ele, sobre o medo de serem considerados inativos pelo software usado pelo banco. Nenhum deles queria ser entrevistado, mesmo sem se identificar, por medo de retaliação. Essa pressão relacionada ao monitoramento do trabalho remoto é conhecida e foi documentada em vários estudos. A dissertação de um mestrado de Fabrítio Barili, da Universidade Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), sobre essas plataformas, 2022, ressalta que eles podem melhorar a disputa entre os trabalhadores para continuar os funcionários. O trabalho cita especificamente Teramind e diz que a plataforma não tem produtividade como foco, mas o comportamento “que pode comprometer a segurança da informação da empresa”. O Xone não é citado no estudo. As empresas podem monitorar os funcionários? Uma das críticas feitas pelos ex -funcionários da ITAU foi a falta de clareza sobre como eles foram monitorados. O banco afirma, no entanto, que tudo estava previsto em contrato e políticas internas. Pedro Henrique Santos, pesquisador da Data Privacy Brasil, explica que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não proíbe o monitoramento. Mas tudo deve ser consentido e comunicado de forma clara e acessível. “O monitoramento faz parte do relacionamento trabalhista e o empregador tem esse direito. O uso da tecnologia não é necessariamente ruim. Mas é necessário se comunicar da maneira mais transparente possível, fornecendo canais de informação e explicando já no momento da contratação”. Ele ressalta que as empresas devem avaliar até que ponto essas ferramentas são realmente indispensáveis ​​para a gerência. “Quando você pensa em tomar decisões com esses dados, precisa avaliar se os resultados são realmente úteis. E verifique se há outra maneira de chegar à mesma conclusão, com menos coleta de dados e menos monitoramento”. Itaú descarta os funcionários depois de avaliar a produtividade no escritório em casa



g1

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