O governo brasileiro lançou uma linha de interesse reduzida de interesse para incentivar as práticas agrícolas sustentáveis, mas o programa ainda não decolou. Embora a proposta prevê descontos de até 1 ponto percentual nas linhas de custo para os agricultores médios e grandes que adotam técnicas sustentáveis, os resultados até maio de 2025 são tímidos. Apenas 2.239 operações aproveitaram o benefício, totalizando R $ 836,1 milhões na liberação de recursos – um valor que representa menos de 1% do total disponível para custos na colheita atual.
Este artigo explora as razões para o baixo desempenho, obstáculos, perspectivas da evolução do programa e o impacto esperado na agricultura brasileira em relação à sustentabilidade.
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O que fornece para a linha de crédito com juros reduzidos?

A iniciativa do governo visa estimular os agricultores que adotam práticas de conservação ambiental, concedendo descontos sobre juros de financiamento rural. Os agricultores do Registro Ambiental Rural (CAR) têm direito a um desconto de 0,5 ponto percentual. Os produtores certificados em boas práticas agrícolas podem acumular outro ponto de 0,5, totalizando até 1 ponto percentual de redução na taxa.
Na prática, as taxas caem de 7% para 6% para produtores médios e de 12% para 11% para grandes agricultores, na equalização do custo de juros.
Por que o programa ainda não?
Apesar de ter sido anunciado com fundos de R $ 8,6 bilhões em linhas equalizadas, o crédito de desconto atingiu menos de 1% do financiamento divulgado no plano de culturas de 2024/25. De acordo com os dados do banco central, até maio, apenas 2.239 contratos foram assinados com essa condição, totalizando R $ 836,1 milhões.
Além disso, o benefício ainda não foi concedido aos agricultores certificados em programas oficiais de práticas agrícolas, produtores orgânicos que já participaram do programa Renovagro em colheitas anteriores.
O atraso na implementação e regulação da plataforma de validação, Agrobrasil+Sustainable, e a transferência tardia de bancos de dados essenciais para a análise dos registros foram os fatores determinantes para baixa adesão.
Barreiras técnicas e burocráticas
A plataforma Agrobrasil+Sustainable, que integra dados de carros, faturas e registros imobiliários rurais para validar o direito a descontos, operados apenas no final de janeiro, atrasando a validação dos registros.
Além disso, apenas 3% das propriedades rurais registradas no Sistema Nacional de Registro Ambiental Rural (SICAR) concluíram a análise, devido à falta de resposta dos produtores para questões pendentes, de acordo com Ricardo Nissen, especialista em políticas públicas para agricultura e gado no TNC Brasil.
Essa lentidão na análise impede que muitos agricultores recebam o benefício, mesmo que atendam aos requisitos. O desconto de juros pode funcionar como um estímulo para que eles completem o pendente e tenham direito ao benefício.
Controvérsia e resistência interna
No Ministério da Agricultura, há críticas à lentidão no lançamento de crédito subsidiado. Carlos Augustin, consultor especial do ministro Carlos Fávaro, disse que parte da equipe econômica resiste aos “prêmios verdes” que implicam maiores gastos públicos.
Augustin defende incentivos para técnicas de bioinsuum e plantio de cobertura do solo, que promovem a captura de carbono, melhoram a qualidade do solo e aumentam a secura contra as secas. Ele ressalta que a Embrapa já possui protocolos para monitorar essas práticas.
Iniciativas para expandir o incentivo sustentável

Para a colheita de 2025/26, está sendo proposta a criação do programa Always Green, que fornece um desconto de 1 ponto percentual de interesse para os produtores que adotam a plantação de cobertura nas rotações de culturas, especialmente soja, milho e algodão.
A idéia é incentivar uma terceira colheita com plantas como Brachiaria, Crotalaria, Milet e Oats, que mantêm o solo coberto durante todo o ano, reduzindo a pegada de carbono e promovendo a sustentabilidade em Cerrado, uma região que pode se beneficiar de até 16 milhões de hectares.
Impacto no futuro da agricultura
Apesar dos obstáculos, o governo mantém a política de desconto de juros como uma estratégia de longo prazo, de acordo com uma declaração do Ministério da Agricultura. A pasta afirma que a iniciativa está na fase de conhecimento pelos produtores e pela certificação, e que pretende manter e melhorar o bônus para futuras colheitas.
A estimulação de crédito subsidiada é vista como um passo importante na modernização da agricultura brasileira, alinhando a produtividade com a conservação ambiental.
Com informações de: Globo rural