A proposta que procurou encerrar a escala de trabalho 6 × 1 – seis dias de atividade por um descanso – foi oficialmente rejeitada pela maioria dos deputados federais.
A decisão reforça a permanência da estrutura de trabalho atual no Brasil, ao contrário dos movimentos que solicitam a redução da carga semanal e a adoção de modelos mais flexíveis, como a semana de quatro dias.
A proposta de emenda à Constituição (PEC), apresentada pelo deputado Erika Hilton (PSOL-SP), previa uma transformação significativa no mercado de trabalho, propondo 36 horas por semana distribuídas em quatro dias.
No entanto, apesar de obter apoio inicial de mais de 200 parlamentares, o texto perdeu força nas discussões e foi amplamente rejeitado.
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Proposta: quatro dias e 36 horas por semana

O que previu o PEC de Erika Hilton?
O PEC apresentado por Erika Hilton propôs:
- Redução do horário de trabalho semanal de 44 para 36 horas;
- Distribuição de horas em quatro dias úteis, com três dias consecutivos de descanso;
- Eliminação da escala de 6 × 1 como regra no setor privado.
A justificativa do parlamentar era promover mais qualidade de vida, produtividade e alinhamento com tendências internacionais, como o modelo já adotado em parte da Europa e em experiências piloto no Reino Unido, Japão e Islândia.
Apoio inicial e enfraquecimento político
A proposta levantou cerca de 210 assinaturas no início de 2024, o suficiente para processar no Congresso. No entanto, ao longo dos meses, o apoio está diluindo. De acordo com dados da pesquisa Genius/Quaest divulgada em julho de 2025:
- 70% dos deputados federais Eles são contrários ao final da jornada 6 × 1;
- 22% são favoráveis mudar;
- 8% não sabiam ou preferiram não responder.
Reações por posicionamento político
A resistência à mudança foi mais pronunciada entre os oposicionistas ao governo federal:
- 92% da oposição declarado contra o final da jornada 6 × 1;
- 74% dos deputados independentes Eles também rejeitam a ideia;
- Entre governadoresA rejeição é mais moderada, com 55% contrários para a proposta.
Qual é a escala 6 × 1 e por que é importante?
A jornada 6 × 1 é amplamente usada no Brasil, especialmente em setores como comércio, serviços, logística e saúde. Até permite 44 horas de trabalhocom um dia de folga necessariamente concedido a cada seis dias consecutivos de atividade.
Setores mais afetados pela manutenção
- Comércio e varejo: As escalas são ajustadas para garantir a operação todos os dias;
- Serviços de Saúde: Hospitais e clínicas trabalham 24 horas e dependem dessa dinâmica;
- Transporte e logística: Eles exigem presença contínua de profissionais, incluindo fins de semana;
- Indústria: As escalas são organizadas em mudanças contínuas para maximizar a produção.
A manutenção da escala 6 × 1 é, portanto, considerada estratégica por representantes desses setores, que temem impactos negativos na produtividade e nos custos operacionais se a jornada for reduzida.
Impactos sociais e trabalhistas da decisão
Para trabalhadores
A rejeição da proposta significa:
- Manutenção da carga de trabalho de até 44 horas por semana;
- Continuidade de viagens com apenas um dia de descanso semanal;
- Backstown sobre a adoção de modelos mais flexíveisComo a semana de quatro dias.
Os sindicalistas e as organizações de defesa dos trabalhadores expressaram frustração com a decisão. Eles afirmam que a jornada 6 × 1 é exaustiva e prejudica o bem-estar físico e mental, especialmente em atividades que exigem esforço físico ou viagens longas.
Para empregadores
A manutenção da jornada tradicional representa:
- Estabilidade nos contratos atuais de trabalho;
- Evita o aumento dos custos com a reestruturação e contratação de turnos;
- Segurança jurídica para empresas, especialmente em setores de operações contínuas.
Perspectivas e desafios futuros
O PEC é completamente descartado?
Embora tenha sido rejeitado no momento atual, a proposta ainda pode ser debatida novamente, especialmente se houver mudanças no cenário político ou pressões da sociedade civil.
A instalação de um subcomitê em maio de 2025 para discutir a questão indica que há abertura ao diálogo, mas a ampla rejeição dos parlamentares sinaliza que, por enquanto, Não há ambiente político favorável para aprovar mudanças no dia de trabalho.
O que os especialistas dizem?
Advogados trabalhistas e economistas Eles ponderaram que qualquer mudança estrutural no horário de trabalho precisa ser feita com cautela. Reduzir a carga de trabalho pode beneficiar a saúde mental dos trabalhadores e até aumentar a produtividade, como mostrado em experiências internacionais, mas também pode gerar:
- Maior custo para pequenas e médias empresas;
- Redução do salário, se o pagamento for proporcional à nova jornada;
- Dificuldades em reorganizar as escalas de plantão e operação.
Tendência global: adiantamentos da semana de 4 dias no mundo
Enquanto o Brasil rejeita as mudanças, outros países continuam testando ou adotam formalmente a jornada reduzida. Exemplos incluem:
- Reino Unido: O projeto piloto em empresas mostrou maior produtividade e queda de absenteísmo;
- Islândia: Ele adotou 36 horas de modelo com sucesso, mantendo os níveis de produção;
- Japão: Grandes empresas como a Microsoft testaram a jornada de quatro dias com resultados positivos.
Apesar do sucesso de algumas experiências, o modelo ainda é controverso e depende de fatores como setor da economia, cultura organizacional e legislação trabalhista atual.
Outras diretrizes de pesquisa genial/quaest

Além da escala 6 × 1, a pesquisa também abordou tópicos de grande relevância para o cenário legislativo:
- 88% dos deputados são a favor do aumento da trilha de isenção de imposto de renda;
- 88% aprovam a exploração do petróleo na Amazônia, apesar das críticas ambientais;
- 76% apóiam o aumento das penalidades por crimes de roubo;
- 53% rejeitam o projeto que tenta regular os supersalariais;
- 70% são contra excluir o judiciário do teto de gastos;
- 69% defendem o fim da reeleição e aumentam o tempo de mandato.
Esses dados ajudam a compor o panorama político atual e indicam as prioridades do Congresso Nacional.
Conclusão
A manutenção da escala 6 × 1 reafirma a resistência do Congresso a mudanças estruturais na legislação trabalhista. Mesmo diante de propostas que prometem mais qualidade de vida para os trabalhadores, a maioria dos deputados optou por preservar o modelo tradicional, considerado essencial para os setores estratégicos da economia.
Enquanto outros países experimentam horas reduzidas, o Brasil continua a apostar na estabilidade da legislação atual. Resta saber se, nos próximos anos, a pressão popular e os resultados internacionais puderem reacender o debate sobre o dia de trabalho.
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