A Inteligência Artificial (IA), visto anteriormente por muitos como um aliado para aumentar a produtividade sem grandes danos ao emprego, agora é visto de maneira mais cautelosa pelos próprios líderes empresariais.
Nos últimos meses, executivos de gigantes como Ford, Amazon, JPMorgan Chase, Anthropic e outros deixaram de lado o tom otimista e admitiram abertamente que a tecnologia pode causar demissões de massa e transformar profundamente o mercado de trabalho nos próximos anos.
Este artigo explora as previsões mais recentes, as mudanças na postura das empresas e os riscos concretos que eu represento para trabalhadores de vários setores.
Leia mais: Meta lança super -colaborativo para liderar a corrida de IA
De promessa à preocupação: uma mudança de discurso

Durante anos, a inteligência artificial foi promovida pelas empresas como uma ferramenta para aumentar a produtividade e liberar funcionários de tarefas repetitivas, supostamente permitindo que elas se concentrem em atividades mais estratégicas. Mas com os recentes avanços em modelos generativos, como OpenAi, Anthropic e outros, esse discurso mudou.
Jim Farley, CEO da Ford, afirmou que “a IA pode substituir até metade dos trabalhadores de colarinho branco nos Estados Unidos”. Já Marianne Lake, executivo da JPMorgan Chase, fornece uma redução de 10% na força de trabalho do banco devido à adoção maciça de ferramentas baseadas em IA.
Outros, como Andy Jassy, CEO da Amazon e Anthropic Dario Amodei, também fizeram alertas preocupantes. Segundo a Amodei, até 50% dos trabalhos de entrada podem desaparecer nos próximos cinco anos, o que pode aumentar o desemprego para um nível entre 10% e 20%.
Ações práticas já refletem o medo
Além das projeções, as empresas já estão tomando decisões concretas para reduzir os departamentos de contratação e reestruturação, com base na expectativa de que a IA possa assumir muitas funções.
No Shopify e Modern, por exemplo, novas contratações agora são lançadas apenas quando as equipes provam que a IA não é capaz de executar a tarefa em questão. Outras empresas fundiram funções anteriormente distintas, como gerente de produtos e engenheiro de software, em posições únicas – uma reorganização facilitada pela automação das tarefas mais rotineiras.
Impacto em todos os níveis hierárquicos
Os efeitos da inteligência artificial não se limitam às funções operacionais ou de nível inicial. Embora profissões menos qualificadas estejam entre os mais vulneráveis, mesmo setores como lei, design, engenharia de software e gerenciamento de projetos já sentem os impactos.
O CEO da Fiverr, Micha Kaufman, foi direto para sua avaliação: a IA está prestes a transformar praticamente todas as profissões. Segundo ele, nenhuma carreira, de advogados a criativos, permanecerá completamente imune à nova realidade tecnológica.
Nem todo mundo concorda com previsões drásticas
Apesar do tom alarmante de muitos executivos, nem todo mundo acredita que a substituição de grande escala será imediata. Brad Lightcap, de Openai, e Arvind Krishna, CEO da IBM, apontaram que a adoção em massa da IA ainda depende de ajustes técnicos, culturais e regulatórios. Para eles, embora inevitáveis, a transição não deve ocorrer da noite para o dia.
Essa divergência de opiniões, no entanto, não anula o novo realismo que começa a se espalhar entre os líderes: a IA já influencia as decisões de negócios e deve continuar moldando a estrutura das organizações.
A revolução da IA já começou

Mesmo sem consenso sobre o ritmo, há uma percepção clara de que a inteligência artificial não é mais apenas uma promessa tecnológica e já se tornou uma força transformadora no mundo do trabalho.
As empresas começam a repensar os organogramas, revisar os orçamentos da folha de pagamento e estabelecer novas estratégias para o treinamento de funcionários em habilidades que as máquinas ainda não conseguem se replicar efetivamente.
Os trabalhadores, por sua vez, também precisam se adaptar. Investir em treinamento contínuo em áreas menos automatizadas pode ser a chave para manter a relevância em um mercado cada vez mais competitivo.
O que esperar do futuro?
Os analistas prevêem que, nos próximos anos, o mercado de trabalho será marcado por uma coexistência entre humanos e máquinas – mas em novas proporções. Tarefas mecânicas ou analíticas tendem a ser totalmente automatizadas, enquanto funções que exigem empatia, criatividade ou julgamento ético ainda dependerão das pessoas.
O grande desafio para empresas, governos e trabalhadores será gerenciar essa transição de maneira justa, minimizando os impactos sociais e econômicos.
Com informações de: Visual digital