Uma transformação profunda e silenciosa está em andamento no sistema financeiro brasileiro. Desde janeiro, os bancos operam sob o Resolução No. 4.966 do Banco Central (BC)que muda a maneira como as instituições calculam o Provisões para perdas de crédito. Essa mudança não apenas reformula a lógica de conceder empréstimos e financiamento, mas também redefine estratégias, produtos e a maneira como os riscos são avaliados.
O novo regulamento requer uma abordagem preditiva e contínua para a análise de riscos, encerrando o modelo tradicional, com base apenas em dados de inadimplência histórica. Como resultado, os bancos precisam antecipar os sinais de possível deterioração de crédito, que requer tecnologia, dados e uma nova maneira de pensar sobre o relacionamento com os clientes.
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O que muda com a resolução 4.966

Aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2021 e inspirado no IFRS 9, a Resolução 4.966 impõe novas diretrizes contábeis para instrumentos financeiros. O ponto principal é que As instituições devem calcular a provisão para perdas esperadas a partir do momento da concessão de créditoe não mais apenas após o padrão.
“Antes, estava olhando para trás para criar um inadimplência médio para cada produto e, assim, estabelecer o risco. Agora, o padrão requer o uso de novos modelos preditivos para plotar um plano para evitar problemas para o futuro”, explica, explica, explica Bruno BatistaMcKinsey Parceiro e líder de crédito na América Latina.
Da história ao preditivo: uma nova abordagem para o risco
Com a nova regra, Um contrato pode ter sua disposição aumentada em até 13 vezesAo passar para a chamada Estágio 2. Nesta fase, o risco futuro é considerado, mesmo sem inadimplência atual. Pequenos sinais, como redução de renda, maior endividamento ou piora da garantia de crédito, já exigem ajustes na disposição contábil.
Esta lógica exige que os bancos aja antes que o cliente se torne padrãoEstratégias de transformação de coleta, renegociação e relacionamento. “Isso muda a lógica de gerenciamento e força os bancos a parar de olhar apenas para o passado e começar a projetar o futuro”, resume Batista.
O que é provisionamento bancário?
O bancário É o mecanismo contábil que permite aos bancos reservar parte dos lucros para cobrir Perdas com créditos difíceis de recebercomo padrões. Essa prática protege a estabilidade financeira da instituição e garante maior segurança ao sistema bancário.
Com a resolução 4.966, o provisionamento é baseado em cenários preditivos. A instituição precisa calcular a possível perda já no momento da concessão, considerando os riscos que ainda não foram materializados, mas são estatisticamente prováveis.
Impactos diretos no mercado de crédito
O novo padrão afeta diretamente concessão de créditoo Design de produto bancário e o Estratégias de preços. Produtos com garantias robustas, como veículos ou imóveis, tendem a exigir menos disposição, o que pode estimular o surgimento de Novos modelos de crédito modelo.
De acordo com Carla IoshiuraO especialista e parceiro de risco da McKinsey, “a partir do momento em que o crédito é concedido, já é possível calcular quanto será necessário provisão no futuro, o que torna o controle mais assertivo”. Ele também aponta a necessidade de os bancos monitorar continuamente a lucratividade por produto e segmento.
Desafios e adaptação dos bancos
A pesquisa de McKinsey mostra que até mesmo 60% das carteiras podem migrar para o estágio 2 baseado apenas em sinais preditivos. Isso exige que os bancos::
- Investir em Modelos analíticos avançados
- Reestruturar Sistemas de dados e arquitetura
- Antecipar estratégias de Coleção e renegociação
“Quanto mais rápido o banco age sobre a mitigação de riscos, menor o impacto na necessidade de provisionamento e melhor o gerenciamento do portfólio como um todo”, diz Bruno Batista.
O papel da tecnologia e das finanças abertas
Embora o Brasil esteja à frente em sofisticação tecnológica, a mudança exigida pela resolução 4.966 não é apenas infraestrutura. É sobre uma mudança cultural e estratégica.
Nesse contexto, o Finanças abertas pode ajudar a fornecer dados mais ricos e atualizados sobre clientes. No entanto, como Carla alerta, esse sistema ainda está longe de atingir seu potencial máximo e os impactos de curto prazo ainda são limitados.
O que aconteceu na Europa e o que o Brasil pode esperar
Experiências internacionais mostram que, onde regras semelhantes foram aplicadas, os bancos que atrasaram para adaptar aumento expressivo nas provisões. A expectativa é que o mesmo ocorra no Brasil. Os bancos que não revisam seus modelos de risco poderão ver Os custos contábeis aumentam relevante.
“Esta é uma mudança regulatória com um grande impacto nos negócios. Afeta como o crédito é concedido, como os produtos são precificados e como o banco se comunica com os clientes. É uma mudança estrutural que requer um novo desempenho”, diz Batista.
Como os bancos estão se preparando

De acordo com o estudo da McKinsey, a transição bem -sucedida passa por três frentes principais:
1. Fortalecimento dos recursos analíticos
- Adoção de modelos preditivos mais precisos
- Simulações de impacto por segmento e cenário
2. Reestruturação do gerenciamento de disposições
- Processos mais ágeis e interdisciplinares
- Transparência em relatórios financeiros
3. Revisão da arquitetura de dados
- Integração entre fontes com dados históricos
- Monitoramento contínuo com alta granularidade
Instituições que investiram nesses pontos estão coletando resultados: 81% deles melhoraram a eficácia das disposiçõesDe acordo com a McKinsey.
Conclusão
A resolução 4.966 é mais do que uma regra contábil. É sobre uma volta importante para o mercado de créditoque exige que os bancos evoluam suas práticas de análise, coleta e relacionamento. Com o risco de ser visto de forma preditiva, o futuro da concessão de crédito no Brasil está passando inteligência de dados, antecipação e tecnologia.
Aqueles que se adaptam mais rapidamente podem não apenas cumprir a regulamentação, mas também obtêm vantagem competitiva em um mercado cada vez mais dinâmico e exigente.
Com informações de: InfoMoney