O avanço da tecnologia trouxe conveniência, mas também abriu novas portas para crimes digitais. No Brasil, uma das modalidades que a maioria dos especialistas preocupam é a fraude com o reconhecimento facial. Os golpistas usam fotos e dados biométricos para simular a presença de idosos em sistemas de autenticação, contratar empréstimos ou acessar os benefícios do INSS sem autorização.
O golpe, embora sofisticado de aparência, começa simplesmente: com a coleção de uma imagem. Os criminosos abordam os aposentados em locais públicos ou mesmo em suas casas que oferecem cestas básicas, ajudam a obter benefícios sociais ou até ajudar a atualizar os dados de registro. Durante essa abordagem, eles solicitam fotos e documentos pessoais – material suficiente para enganar os sistemas digitais que usam o reconhecimento facial como critério de segurança.
Leia mais:
Mais de 100.000 estão inscritos na CPNU 2 em 24h, com foco na inclusão
Biometria como uma nova assinatura digital

Por que uma foto pode ser suficiente para validar uma operação?
O reconhecimento facial funciona da leitura de pontos de face específicos. Características como a distância entre os olhos, a forma do queixo, a largura da boca e até a profundidade do nariz são analisadas. Esses dados formam o que é chamado Impressão facialEquivalente biométrico de uma assinatura digital.
Especialistas alertam que, com o avanço dos algoritmos, uma imagem de boa qualidade é suficiente para o sistema ser enganado. “Hoje, o reconhecimento facial corresponde ao que anteriormente era a assinatura física”, explica Luiz Rodrigo Tozzi, um especialista em proteção de dados.
Sistemas automatizados que devem proteger o usuário acabam se tornando uma porta de entrada para fraudar quando os dados são manipulados fora do contexto. Para os idosos, muitas vezes sem familiaridade com o ambiente digital, a simples entrega de uma foto pode representar a autorização para movimentos bancários inadequados.
Golpes silenciosos: quando a vítima só descobre quando viu o desconto
Promessas de ajuda viam dívidas sem consentimento
O modus operandi de criminosos geralmente envolve uma narrativa de solidariedade. Em muitos casos, os aposentados são abordados com a promessa de algum tipo de assistência. Durante a abordagem, os golpistas dizem que precisam de uma foto do rosto e documentos para “liberar o benefício”. A vítima, acreditando ser ajudada, fornece as imagens sem saber que, na prática, está permitindo que alguém contrate empréstimos de folha de pagamento em seu nome.
Esses empréstimos são descontados diretamente da aposentadoria, muitas vezes sem o beneficiário imediatamente. Os valores podem comprometer grande parte da renda mensal, mesmo dificultando a compra de medicamentos ou itens básicos.
Reconhecimento facial e segurança bancária: sistema confiável?
Por que bancos e fintechs ainda usam essa tecnologia?
As instituições financeiras adotam o reconhecimento facial porque consideram o método mais seguro e prático. A tecnologia reduz as filas, acelera os cuidados e impede que as senhas sejam esquecidas ou roubadas. No entanto, quando a segurança digital não é acompanhada por orientação pública, especialmente para os mais vulneráveis, o sistema se torna falho.
Além disso, algumas instituições financeiras não exigem etapas de verificação adicionais, como o uso de tokens, confirmações de SMS ou contato telefônico. Em certos casos, apenas a correspondência da imagem facial é suficiente para aprovar uma operação financeira.
De acordo com especialistas em segurança cibernética, os bancos devem aplicar o princípio do multifactory: combine pelo menos dois métodos distintos de autenticação para validar operações. Isso incluiria, por exemplo, imagem facial e Confirmação do aplicativo. A ausência desta verificação cruzada abre espaço para fraude.
Como identificar e se proteger de tentativas de fraude
Sinais de alerta e atitudes preventivas
Várias ações podem indicar que a imagem de uma pessoa está sendo capturada para fins maliciosos. Entre os sinais estão:
- Pedidos insistentes para fotos de rosto de alta qualidade
- Pedidos para remover óculos, tampas ou acessórios faciais
- Diretrizes para manter o rosto imóvel, em uma posição neutra e com um fundo leve
- Fotos tiradas em ambientes como edifícios de edifícios, em nome da suposta segurança
Essas imagens, se armazenadas e compartilhadas incorretamente, podem ser reutilizadas para contornar os sistemas biométricos. A recomendação do especialista é: Nunca envie imagens de face ou documento para o WhatsApp ou redes sociais sem certeza dos méritos da solicitação.
Além disso, aposentados e familiares devem estar cientes de extratos e descontos bancários que aparecem para o benefício de INSS. Se eles identificarem valores que não reconhecem, é essencial registrar um relatório policial e procurar o banco responsável.
A falta de alfabetização digital agrava o problema

Idosos ainda são a maioria entre as vítimas de fraude online
O Brasil tem mais de 38 milhões de aposentados e aposentados. Entre eles, uma parcela significativa ainda tem dificuldade em operar serviços digitais. Muitos dependem de membros da família ou terceiros para movimentos financeiros, o que aumenta o risco de exposição aos golpistas.
A educação digital ainda é insuficiente, especialmente nas regiões mais necessárias. Campanhas de conscientização, cursos básicos de segurança e atendimento de face a face acessível são estratégias que podem reduzir a vulnerabilidade dessa população.
O que os INSs e os bancos estão fazendo?
Medidas de reforço em análise, mas a inspeção ainda é falha
Dado o aumento dos casos, os estudos do INSS medem para reforçar a segurança dos beneficiários. Entre as propostas está a exigência de autenticação de vários fatores e maior rigor nas operações de folha de pagamento.
Os bancos já, pressionados por ações e reclamações da Procon, iniciaram testes com inteligência artificial para detectar padrões suspeitos de movimentos. No entanto, as iniciativas ainda são pontuais e não cobrem todos os serviços ou regiões do país.
Imagem: Freepik/ Edição: Seu crédito digital