A tensão entre a Suprema Corte federal (STF) e as plataformas digitais venceu outro capítulo após a antiga rede social do Twitter, apelar contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou o bloqueio total dos perfis do deputado federal Carla Zambelli (PL-SP). A medida judicial foi tomada depois que o parlamentar foi condenado por crimes envolvendo a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
No centro do imbróglio estão debates sobre liberdade de expressão, limites legais e influência das redes sociais em casos de alta repercussão política.
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Moraes determina o bloqueio das contas após a fuga do parlamentar

Na semana passada, Moraes ordenou o bloqueio de todos os perfis de vice em diferentes plataformas, incluindo a rede X, depois de escapar do Brasil. A decisão do magistrado ocorreu logo após a condenação definitiva do parlamentar pela Suprema Corte, que reconheceu sua participação no ataque aos sistemas CNJ, em parceria com o hacker Walter Delgatti.
A medida judicial causou reações imediatas. A rede X apresentou um recurso solicitando a reversão do bloco completo de contas e sugeriu uma alternativa: remova apenas conteúdo específico que pode ser considerado ilegal.
“O Ox Brasil requer respeitosamente a decisão agravada de reconsiderar”, diz o texto do apelo.
A rede X exige proporcionalidade: “Remover conteúdo, não perfis”
A empresa, de propriedade do bilionário Elon Musk, argumenta que o bloco total compromete o direito à liberdade de expressão. De acordo com o recurso apresentado, impedir completamente a publicação de qualquer conteúdo nos perfis vinculados ao parlamentar excede os limites da razoabilidade.
“Repita: todo o bloqueio impede a transmissão de qualquer tipo de conteúdo dos usuários em questão, mesmo que eventualmente seja legal e coberta de interesse público-que carece de proporcionalidade”, disse a defesa da rede.
Se o ministro não reconsiderar a decisão, o X solicitou que o caso fosse submetido ao Plenário do STF, buscando uma reavaliação coletiva de outros ministros.
Condenação e fuga: o caso Zambelli
Carla Zambelli foi condenada pela primeira classe do STF por invasão de dispositivo de computador e falsidade ideológica. A decisão, já movida, não admite mais recursos.
De acordo com o Gabinete do Procurador Geral (PGR), Zambelli e Delgatti agiram juntos para invadir os sistemas CNJ, a fim de delegitimizar o judiciário e incentivar atos contra a democracia. As penalidades foram duras:
- Carla Zambelli: 10 anos de prisão em regime fechado, perda de mandato (a ser declarada pela casa) e inelegibilidade;
- Walter Delgatti: 8 anos e 3 meses de prisão. Ele já está na prisão preventiva;
- Ambos foram ordenados a pagar um Compensação de R $ 2 milhões por danos morais e coletivos.
Após a decisão, Zambelli deixou o país e foi considerado fugitivo pelo tribunal.
Extradição e conformidade imediata com penalidades
Além do bloqueio dos perfis, o ministro Alexandre de Moraes determinou que o governo brasileiro inicia o processo de extradição do deputado. Na mesma ordem, ele ordenou a execução imediata da sentença, que inclui a revogação do mandato parlamentar e a execução da privação da liberdade.
A ausência do deputado no território nacional aumenta a complexidade do caso, que agora envolve a cooperação internacional.
O choque entre plataformas digitais e o judiciário

A tentativa da rede X de reverter a decisão do STF reflete um conflito crescente entre o judiciário brasileiro e as grandes plataformas digitais. A discussão sobre os limites do controle judicial nas redes sociais, especialmente em tempos de alta polarização política, levanta questões sobre censura, regulamentação e liberdade de expressão.
Embora a Suprema Corte argumente que as medidas são necessárias para preservar a ordem constitucional e a desinformação de combate, empresas como X alertaram o risco de restrições amplas e indiscriminadas.
Os parlamentares acompanham o caso com cautela
A fuga de Zambelli e o envolvimento da rede X colocaram o Congresso Nacional em alerta. Nos bastidores, os parlamentares observam cuidadosamente as conseqüências do caso, que envolvem temas delicados, como imunidade parlamentar, liberdade digital e o papel do judiciário nas sanções políticas.
A Câmara dos Deputados deve, no futuro, analisar a perda do mandato do parlamentar após a decisão final. No entanto, com o parlamentar fora do país, esse processo pode se arrastar.
Com informações de: G1