Relatórios e orçamentos não refletem a realidade em 72% das obras da educação, a CGU aponta que o controlador geral da União (CGU) identificou que 72% dos trabalhos de jardins de infância, ensino fundamental e escolar não estavam em uma situação compatível com o que foi descrito em relatórios técnicos e planilhas orçamentárias entregues ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Os documentos foram enviados no contexto do Pacto Nacional através da retomada de obras de educação básica e profissional. O relatório da CGU foi divulgado na terça -feira (22). A auditoria foi realizada entre março e dezembro de 2024 e inspecionou 230 obras em 163 municípios. Juntos, essas construções totalizam R $ 269 milhões em investimentos públicos. A análise priorizou trabalhos com execução física igual ou superior a 50%. Em estados como Amapá, Tocantins, paraíba, Bahia, Alagoas e Mato Grosso, 100% dos relatórios e planilhas analisados apresentaram inconsistências em relação à situação real das obras – que representa cerca de 23% da amostra total. Em um comunicado, o FNDE afirmou que a auditoria da CGU foi realizada “durante a fase inicial da política pública” e que, desde então, “várias melhorias estruturais foram promovidas para melhorar a operação e a eficiência do programa”. A agência acrescentou que “as informações técnicas fornecidas ao FNDE são de responsabilidade exclusiva dos municípios”. Também de acordo com o FNDE, estão sendo adotadas medidas para apoiar as entidades federativas na “instrução correta de solicitações de renegociação”, com o objetivo de melhorar a qualidade dos documentos enviados. Entre as ações mencionadas estão a elaboração de modelos padronizados, a emissão de diretrizes técnicas e os cuidados institucionais para esclarecer dúvidas dos gerentes locais. O Brasil tem quase 3.000 obras de escolas interrompendo ou inacabou exemplos de irregularidades, um dos casos apontado em Japaratinga (AL), onde o relatório de um tribunal coberto enviado a FNDE continha fotos diferentes representando a mesma estrutura. Além disso, as imagens indicaram paredes internas com revestimento pronto, mas a pesquisa identificou apenas gesso e esboço. Em Turiacu (MA), a CGU apontou para falhas de acessibilidade em uma quadra esportiva: o acesso ao site exige exceder uma etapa no canal de drenagem – uma situação que não foi mencionada no relatório técnico. O G1 entrou em contato com os municípios, que não responderam até a última atualização deste relatório. Falhas técnicas e orçamentárias O relatório também mostra que: 82% dos relatórios técnicos de engenharia não detalharam adequadamente a realidade dos trabalhos, apresentando informações genéricas, imprecisas ou inconsistentes; 82% das planilhas orçamentárias eram inconsistentes com os relatórios que seguiram, com os gastos esperados em serviços já executados ou inexistentes. Em oito estados – Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Mato Grosso – nenhum orçamento foi considerado consistente com o relatório correspondente. Conclusão e crítica para a CGU, os dados revelam “fraquezas persistentes” na documentação e controle dos trabalhos financiados pelo FNDE. A agência também criticou a falta de transparência ativa e a presença de informações incompletas nos painéis de monitoramento do fundo. “A baixa qualidade das informações apresentadas pelos municípios pode levar a uma alocação inadequada de recursos, comprometendo a conclusão das obras e a criação das vagas escolares planejadas”, diz o relatório. Em relação ao pacto criado em 2023 por medida provisória, o pacto nacional para a retomada de obras de educação básica e profissional visa passar recursos a estados e municípios para concluir os trabalhos educacionais parados ou inacabados. Ao todo, 1.697 municípios manifestaram interesse em retomar 3.783 obras. Maranhão, Pará e Bahia lideram em número de aderências.
g1