Em um cenário político cada vez mais desafiador, o Ministro das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), reconheceu que a turbulência recente envolvendo o sistema de transferências de pix e a fraude no Inss (Instituto Nacional da Segurança Social) contribuiu significativamente para o outono na aprovação do Presidente Luiz Inácio Lula Silva (PS). A declaração foi feita em entrevista ao jornal S.Paulo Folhapublicado no último sábado (7).
Embora o ministro veja espaço para a recuperação da imagem do governo até as eleições de 2026, os dados mais recentes apontam para um momento delicado na gestão da Petista. Segundo uma pesquisa, a desaprovação do governo de Lula atingiu 56%, enquanto a aprovação caiu para 29%.
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Cair em popularidade e desafios pela frente

A pesquisa PowerDate, realizada entre 31 de maio e 2 de junho, revelou um adiantamento de três pontos percentuais na taxa de desaprovação em apenas dois meses. No mesmo intervalo, a aprovação caiu de 41% para 29%, refletindo a insatisfação popular com questões sensíveis que dominaram o debate público.
Gleisi Hoffmann atribui parte da crise à repercussão negativa das investigações sobre possíveis irregularidades nas transferências de pix e nos casos de fraude indevida e descontos nos INSs, que são o alvo da cobertura intensa da mídia e da supervisão dos órgãos oficiais.
“Não acho que seja um problema com a comunicação. Acho que tem problemas e precisa melhorar. Estou dizendo que, enquanto isso, tivemos duas grandes crises que absorveram completamente a comunicação. Portanto, mesmo que você queira comunicar medidas positivas, elas são ofuscadas pela administração de convulsões”, disse Gleisi.
Comunicação no centro do debate político
Enquanto o presidente Lula associa a baixa aprovação ao fracasso na comunicação institucional, o ministro das Relações Institucionais vê uma conjuntura mais complexa. Para ela, a comunicação do governo precisa de ajustes, mas não é o principal obstáculo enfrentado pela administração.
Desde o início do ano, o governo tentou reformular sua estratégia de comunicação, nomeando Sidonio Palmeira, um profissional de marketing experiente da campanha presidencial, como chefe da Secom (Secretaria de Comunicação). A mudança, no entanto, não teve os efeitos esperados, e Lula permaneceu envolvida em episódios controversos que alimentaram críticas públicas.
Crises que abalaram a confiança
A crise do PIX começou com o endurecimento de inspeções e alertas sobre possíveis movimentos atípicos na plataforma, que geraram medo entre usuários e pressão no banco central. O desempenho dos órgãos de controle trouxe à luz a preocupação com a liberdade de movimento financeiro e a percepção de vigilância excessiva.
No caso do INSS, as queixas sobre descontos irregulares na aposentadoria e nas pensões resultaram em investigações que afetaram a confiança no sistema de seguridade social. As medidas adotadas para corrigir as distorções ainda não foram suficientes para reverter o impacto na imagem do governo.
Para 2026: o governo procura recuperar o apoio

Apesar da queda de popularidade, Gleisi Hoffmann mantém um discurso otimista sobre a capacidade do governo de reverter a situação. Ela acredita que, destacando as realizações em andamento e as políticas públicas, o Planalto pode recuperar o apoio da população.
“O nível de aprovação de 40% para ele e o governo é uma condição suficiente para uma boa disputa eleitoral. Tenho certeza de que o governo melhorará. Está mostrando o que está acontecendo com a população, as realizações do governo. Temos tempo para isso”, disse o ministro.
Equilíbrio entre crise e conquista
Para o núcleo político do governo, um dos grandes desafios é poder equilibrar o confronto de crises, promovendo os avanços sociais e econômicos já alcançados, especialmente entre as camadas mais vulneráveis da população.
A dificuldade de orientar a agenda positiva em meio à pressão da mídia sobre escândalos e irregularidades tem limitado a eficácia das campanhas informativas. A expectativa, segundo fontes do governo, é que os próximos meses serão usados para consolidar entregas e reforçar a presença institucional nos Estados Unidos.
Com informações de: Power 360