A Casa Branca manifestou interesse em minerais estratégicos e pode usar o problema como uma moeda para reduzir as tarifas contra o Brasil

Tudo sobre Estados Unidos
Em meio ao impasse entre os Estados Unidos e o Brasil, um representante da Casa Branca disse nesta semana que o governo de Donald Trump está interessado em terras raras brasileiras. Essa seria uma maneira de forçar nosso país a negociar minerais em troca de uma redução nos tarifas anunciados nos EUA.
A reação do presidente Lula foi imediata. Ele garantiu a soberania sobre as riquezas naturais brasileiras e novamente pediu aos americanos que respeitassem o país. Mas, afinal, por que Trump está interessado nesses recursos?

Importância geopolítica de terras raras
- Também chamados de metais raros, são elementos químicos presentes na crosta terrestre, mas que são difíceis de encontrar em grandes quantidades.
- Os materiais são amplamente utilizados para criar ímãs superpoderosos, baterias de carros elétricos, turbinas e até telescópios espaciais.
- Por causa disso, eles são considerados estratégicos.
- Hoje, a extração de terras raras está concentrada em apenas alguns países, sendo a China o principal produtor.
- Controle chinês 70% desse importante mercado.
- Por outro lado, os EUA também têm acesso a recursos, mas em um grau muito menor.
- À medida que a demanda tende a aumentar ainda mais, outros territórios foram cobiçados.
- Portanto, é, por exemplo, que o presidente Donald Trump pressionou a Ucrânia a fechar um acordo envolvendo recursos existentes na Europa Oriental.
- Ao mesmo tempo, a Casa Branca insiste em controlar a Groenlândia, um território que tem um importante suprimento de minerais.
Leia mais

É bastante claro que os EUA e a China contestam esses recursos, e que Pequim tem uma grande vantagem. Portanto, os próprios chineses frequentemente ameaçam limitar as exportações de terras raras aos americanos. Nesse cenário, a Casa Branca precisa de alternativas. E é aí que o Brasil entra na peça.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos afirma que nosso país tem a segunda maior reserva conhecida desses elementos do planeta, atrás apenas da China. No entanto, a produção brasileira é responsável por apenas 1% da extração global de recursos.

No Brasil, além da extração, é necessário transformar o potencial mineral em desenvolvimento tecnológico e industrial. O problema é que este é um processo muito caro que requer uma tecnologia muito avançada. Assim, a grande maioria dos países, incluindo a nossa, simplesmente não pode fazê -lo sozinha.
Para resolver a questão, o governo de Lula já sinalizou que busca parcerias para aumentar a extração de terras raras brasileiras. O bom relacionamento com a China, no entanto, é uma ameaça para os interesses dos EUA. Assim, Trump está tentando usar metais raros como um possível chip de troca para reduzir as tarifas impostas ao Brasil.

Colaboração para a aparência digital
Alessandro Di Lorenzo é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e trabalha na área desde 2014. Ele trabalhou nas redações da Bandnews FM em Porto Alegre e São Paulo.

Bruno Capozzi é um jornalista se formou no Cásper Líbero College e mestre em ciências sociais da PUC-SP, com foco em pesquisas de redes sociais e tecnologia.