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segunda-feira, agosto 18, 2025

Asteroides escondidos perto de Vênus podem cair na Terra um dia, diz estudo

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Os asteróides “invisíveis” perto de Vênus podem colidir com a terra. Mas acalme -se. Se isso acontecer, serão milhares de anos daqui. É isso que um estudo internacional liderado por pesquisadores da Paulista State University (UNESP).

Esses asteróides compartilham a órbita de Vênus e, por causa da posição que ocupam no céu, podem escapar das atuais campanhas de observação. Se eles caíssem na Terra, seus impactos poderiam devastar grandes cidades. Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Astronomia e astrofísica.

“Nosso estudo mostra que existe uma população de asteróides potencialmente perigosos que não podemos detectar com os telescópios atuais”, disse o astrônomo Valerio Carruba, professor da Faculdade de Engenharia UNESP no campus Guaratuetá (FEG-UNESP) e o primeiro autor do estudo, o Agência FAPESP.

“Esses objetos orbitam o sol, mas não fazem parte do cinturão de asteróides, localizado entre Marte e Júpiter”, explica ele. “Em vez disso, eles estão muito mais próximos, em ressonância com Vênus.”

“Asteróides coorbitais de Vênus” circulam ao redor do sol, mas compartilhe a região orbital do planeta (Imagem: Valerio Carruba via Gemini)

Os “asteróides coorbitais de Vênus” circulam ao redor do sol, mas compartilham a região orbital com Vênus. “Esses objetos entram em ressonância 1: 1 com Vênus, o que significa que eles completam um retorno ao redor do sol ao mesmo tempo que o planeta”, explica Carruba.

Mesmo assim, esses asteróides “são tão difíceis de observar que permanecem invisíveis, mesmo que possam ter um risco real de colisão com nosso planeta em um futuro distante”, disse o pesquisador.

Esses asteróides provavelmente apareceram no cinturão de asteróides, onde os corpos rochosos foram impedidos de formar planetas por causa da gravidade de Júpiter. Com o tempo, as interações gravitacionais desviam alguns desses fragmentos, capturados pela órbita de Vênus.

De olho em asteróides excêntricos e instáveis

A pesquisa combinou modelagem analítica e simulações numéricas de longo prazo para rastrear a dinâmica dos asteróides e avaliar sua capacidade de abordar a Terra. Em simulações com objetos, o grupo identificou regiões de risco onde asteróides poderiam se aproximar de nosso planeta de maneira perigosa.

Alguns desses objetos simulados atingiram valores de distância mínima de 5 × 10-45 unidades astronômicas. É uma distância tão curta que corresponderia a quase certos impactos nas escalas milenares. Pelo menos, estatisticamente falando.

Imagem conceitual de asteróides próximos à terra
A pesquisa rastreou a dinâmica dos asteróides ‘invisíveis’ para avaliar sua capacidade de se aproximar da Terra (Imagem: Buradaki/Shutterstock)

Os coorbitais venusianos conhecidos até agora são instáveis (e excêntricos). Eles alternam as configurações orbitais ao longo dos ciclos que duram uma média de 12.000 anos. Portanto, o mesmo asteróide pode estar em uma configuração segura, perto de Vênus, em um momento e outra passagem perto da Terra.

O catálogo atualizado lista 20 asteróides coorbitais de Vênus. Quase todo mundo tem excentricidade maior que 0,38 (apenas uma é uma exceção). Isso faz com que suas órbitas os levem a regiões mais longe do sol, onde os observatórios terrestres os detectam com mais facilidade.

  • A excentricidade é um parâmetro que mede o quanto uma órbita é alongada a partir de uma circunferência perfeita. Seu valor vai de zero (órbita circular) a uma (órbita muito elíptica). A excentricidade da órbita da Terra, por exemplo, é de 0,017 – ou seja, é uma órbita quase circular.

“Os asteróides com cerca de 300 metros de diâmetro, que podem formar crateras de três a 4,5 quilômetros e liberar energia equivalente a centenas de megatons, podem estar ocultos nessa população”, disse Carruba.

Um impacto em uma área densamente povoada teria uma devastação em grande escala.

Valerio Carruba, professor da Faculdade de Engenharia da UNESP no campus Guaratuetá (FEG-UNESP) e primeiro autor do estudo, a FAPESP Agência

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Pode haver mais asteróides ‘invisíveis’ e perigosos, mas há esperança

Os modelos computacionais mostram que deve haver uma população muito maior de asteróides com menos excentricidade. Estes seriam praticamente invisíveis para observações na Terra.

Observatório de Vera C. Rubin, instalado no cume da montanha Cerro Pachón, no deserto de Atacama, Chile (Imagem: H.Stockebrand/Rubinobs/Noirlab/Slac/Doe/NSF/Aura)

O Observatório de Vera Rubin no Chile foi avaliado como um possível meio de detectar esses asteróides. Mas as simulações mostraram que mesmo o mais brilhante seria visível por apenas uma ou duas semanas, em intervalos irregulares e condições muito específicas. Isso limitaria a eficácia do monitoramento.

Uma solução mais promissora seria o uso de telescópios espaciais voltados para regiões perto do sol, como as missões NEO Surveyor (NASA) e Crown (China). Estes podem monitorar continuamente asteróides das posições mais vantajosas – por exemplo: orbitas perto de Vênus. Há esperança, portanto.



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