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quarta-feira, julho 30, 2025

Manusear nota fiscal pode fazer mal saúde?

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As imagens getty faturas tributam notinas, garrafas de plástico, latas de comida, brinquedos infantis. O BPA, ou bisfenol A, está em produtos que fazem parte da rotina de quase todos. Esse composto químico é usado principalmente na fabricação de plásticos e resinas, mas também aparece no revestimento interno de embalagens, utensílios domésticos e materiais de antinchamãs. Mas o que preocupa os pesquisadores e as autoridades de saúde é que, embora tão difundido, o BPA é classificado como uma desregulamentação endócrina: ou seja, uma substância capaz de interferir na produção e ação de nossos hormônios corporais, especialmente sexuais. “O foco principal de preocupação é o plástico, porque seu uso é enorme em todo o mundo – estamos falando de toneladas por ano”, explica Elaine Costa, coordenadora da Comissão SBEM (Sociedade Brasileira de Sociedade de Endocrinologia e Metabologia). “O bisfenol A é essencial para a fabricação de muitos desses materiais. É como construir uma parede: o BPA seria tijolo e as ligações químicas, o cimento que mantém tudo junto. Quando você aquece um recipiente de plástico com alimentos, essas conexões podem quebrar, liberando o bisfenol em alimentos. Esta é a forma principal de contaminação. E o problema não para que seja, não, o problema não pare: esta é a melhor forma de contaminação. No caso de papel térmico, como notas fiscais, o BPA pode ser absorvido pela pele – especialmente naqueles que lidam com esse tipo de material com frequência, como trabalhadores do comércio. Embora a absorção seja considerada pequena, os estudos indicam que a exposição constante, mesmo em pequenas doses, pode trazer riscos de longo prazo. E não apenas para aqueles que têm contato direto com a substância: de acordo com a Costa, há evidências de que os efeitos podem ser transmitidos para as próximas gerações através de mudanças epigenéticas. Triguiro: Os cientistas encontram um traço de microplástico nos riscos de humanos causados pelo BPA: o que a ciência mostra que não há dúvida de que o bisfenol A não é completamente inofensivo – mas a ciência ainda não pode determinar com precisão qual nível de exposição representa um risco concreto para a saúde humana. “Em humanos, não podíamos provar diretamente os riscos. Você não pode fazer um estudo dividindo as pessoas entre expostas e não expostas – seria antiético”, explica o endocrinologista Elaine Costa. “O que temos são estudos epidemiológicos que mostram que populações mais expostas desenvolvem algumas patologias. Nos animais, eles já são comprovados: mudanças de fertilidade, obesidade, diabetes”. Esses efeitos são parcialmente explicados pela própria estrutura química do BPA, muito semelhante à do estradiol – o principal hormônio sexual feminino. Portanto, ele pode se conectar com os mesmos receptores no corpo, interferindo na ação dos hormônios naturais. “É como uma chave falsa que entra na fechadura errada, impedindo que o real funcione”, compara Costa. Além dos hormônios sexuais, o bisfenol também afeta outros mecanismos celulares, com potencial impacto na tireóide, metabolismo e sistema reprodutivo como um todo. O professor Márcia Mendonça, detentor da ginecologia da UFMG, ressalta que compostos como o BPA podem exercer estrogênio ou ação anteestogênica, interferindo no delicado equilíbrio do sistema hormonal. Estudos com animais já apontam efeitos deletérios e evidências coletadas em vários países mostram que a exposição a esses compostos está relacionada à redução da qualidade dos espermatozóides, uma maior incidência de anomalias genitais nos homens, alterações no ciclo menstrual, síndrome do ovário policístico, endometriose e até alguns cânceres. O BPA, ou bisfenol A, está em produtos que fazem parte da rotina de imagens Getty que a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece cerca de 800 compostos químicos suspeitos de interferir no sistema hormonal – incluindo BPA. No entanto, ele ressalta que apenas uma pequena fração foi realmente estudada em profundidade, e que a escassez de dados gera “incertezas sobre a extensão dos riscos”. A própria Anvisa reconhece esse cenário de incerteza. Segundo a agência, estudos de toxicidade convencionais apenas apontam efeitos em altas doses. No entanto, alguns estudos sugerem que doses mais baixas de BPA também podem estar associadas a resultados emergentes, como alterações no desenvolvimento neurológico, alterações nas glândulas de ratos mamárias e próstatas, bem como danos à qualidade dos espermatozóides. Como ainda há dúvidas sobre a validade e a relevância dessas descobertas, os especialistas alertam que, embora os dados não sejam conclusivos, eles devem orientar novas pesquisas – e políticas de precaução. “Costumo dizer que a ausência de evidência não é evidência de ausência. Portanto, se soubermos que podemos provocar, precisamos impedir”, argumenta Elaine Costa. Como se proteger de BPA diariamente, embora não haja políticas de controle rigorosas, algumas atitudes podem ajudar a reduzir a exposição ao bisfenol A (BPA) e outros compostos semelhantes – como BPS (bisfenol S, um produto químico usado como um substituto do BPA, mas com efeitos hormonais semelhantes). O endocrinologista Elaine Costa explica que já é possível detectar a presença dessas substâncias no corpo – através da urina, saliva e outros líquidos do corpo -, mas esses testes são restritos a laboratórios de pesquisa, pois dependem de equipamentos de alto custo, como espectrometria de massa. Para ela, o cenário ideal seria uma legislação mais rígida, com controle rigoroso da exposição humana. “Acredito que o limite de migração para os alimentos deve ser zero, porque já estamos expostos a vários desreguladores endócrinos no ar, água, comida, papel, objetos domésticos”, diz ele. Também defende mais pesquisas a desenvolver plásticos realmente seguros para a saúde humana. Na vida cotidiana, algumas medidas podem ajudar. A principal orientação é evitar o uso de plásticos para armazenar ou aquecer alimentos – e dar preferência a recipientes de vidro. Também é importante observar se os brinquedos e utensílios infantis têm o selo “livre de bisfenol”. No entanto, é necessária cautela: “O bisfenol é geralmente substituído por variantes como o bisfenol s ou f, que também têm atividade semelhante. Não é idêntico, mas é semelhante. Portanto, você não pode dizer que” o bisfenol é livre “é totalmente seguro”, adverte o médico. Também recomenda evitar alimentos enlatados, pois o revestimento interno das latas geralmente contém bisfenol – e alimentos ácidos, como o extrato de tomate, podem acelerar a liberação da substância. “O que podemos fazer é minimizar a exposição o máximo possível”, conclui. Os desreguladores hormonais presentes em plásticos e cosméticos que foram encontrados em crianças brasileiras proibiram substâncias na Europa e nos EUA e usadas pela indústria de cosméticos no Brasil, que são disruptores endócrinos, as substâncias perigosas presentes em plásticos, alimentos e até ar



g1

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