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sexta-feira, agosto 22, 2025

Bancos estrangeiros no Brasil precisam obedecer sanções americanas como a lei Magnitsky?

EconomiaBancos estrangeiros no Brasil precisam obedecer sanções americanas como a lei Magnitsky?




O Swiss Bank UBS também enfrentou dilema envolvendo sanções magnitsky. Getty Images via BBC A decisão do ministro Flávio Dino da Suprema Corte (STF) de que as empresas podem ser punidas no Brasil se aplicarem sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, após a determinação do governo de Donald Trump, levou a um debate entre os bancos em como deve ser agido em medidas impostas por dois países diferentes. Os bancos estrangeiros operam no Brasil precisam aceitar as sanções impostas pelo governo dos EUA? Ou você deve seguir a ordem da justiça brasileira para não impor sanções? Asse o aplicativo G1 para ver as notícias reais e de graça se os bancos não cumprirem a ordem do governo dos EUA, eles podem ser punidos nos EUA. Mas se eles seguirem as sanções exigidas pelos americanos, desrespeitarão a ordem da justiça brasileira e poderão ser punidos no país. Esse dilema já foi enfrentado por bancos em diferentes países, como a Bulgária, onde um banco não aplica sanções magnitsky contra um político local. Na Bulgária, os políticos da oposição estão buscando medidas internacionais contra o Banco Nacional Búlgaro (BNB), que não adotariam medidas contra o político e o oligarca Delfyan Peevski, que foi sancionado pelos EUA e pela lei do Reino Unido. O banco afirma que as leis locais não permitem adotar as sanções exigidas por países estrangeiros. Mas o caso mais proeminente ocorreu na Suíça este ano, envolvendo os bancos multinacionais do UBS e do Credit Suisse (que atualmente pertencem ao UBS). O UBS também opera no Brasil e potencialmente pode enfrentar dilemas semelhantes sobre qual determinação legal a seguir. O assunto: o que os bancos têm a perder com o ‘orçamento de Betty’ criado pela lei de Magnitsky e pela decisão de Dino de entender o que a lei suíça dos bancos suíços é famosa por sua longa tradição de rigorosa confidencialidade bancária – que historicamente atraiu grandes fortunas para o país, transformando o setor bancário em uma das principais atividades econômicas de Switzerland. Essa tradição também desperta críticas internacionais à Suíça – acusada de grupos anti -corrupção para apoiar fortunas ilegais. Em 2011, o Ministério Público da Suíça iniciou uma longa investigação sobre um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo mais de US $ 230 milhões supostamente fraudulentos da Rússia distribuídos em vários países. O esquema foi denunciado pelo advogado Sergei Magnitsky, que agora nomeia a lei americana usada pelo governo de Trump contra Alexandre de Moraes. Por causa da queixa, Magnitsky foi preso na Rússia em 2008. Ele morreu na prisão no ano seguinte. Em 2021, o escritório do advogado suíço encerrou as investigações sobre filiais do esquema russo no país e apresentou o processo por falta de evidência. Nos dez anos de investigações, a Suíça congelou cerca de 18 milhões de francos suíços (R $ 122 milhões) de três cidadãos russos no UBS e Credit Suisse Banks. O tribunal determinou que apenas 4 milhões de francos suíços (R $ 27 milhões) seriam confiscados por irregularidades – e que os outros 14 milhões (R $ 95 milhões) seriam devolvidos aos russos. Durante esse período, os cidadãos russos foram enquadrados pelos EUA na Lei Global de Magnitsky – o mesmo usado contra Moraes agora. A lei estabelece uma proibição de viajar para os EUA, congelando mercadorias nos EUA e proibição de qualquer pessoa ou empresa nos EUA de realizar transações econômicas com o indivíduo penalizado. Eles também foram enquadrados em leis semelhantes em vigor no Reino Unido, Canadá e Austrália. Em 2022, o caso foi para a Suprema Corte da Suíça. Que registraram o recurso foi o Hermitage Capital – o fundo de investimento para o qual Sergei Magnitsky trabalhou quando descobriu a fraude russa e foi preso. O fundo alegou que os russos foram sancionados pela lei de Magnitsky e que devolver o dinheiro para eles seria uma violação das regras internacionais. A Hermitage Capital foi fundada pelo banqueiro brasileiro Edmond Safra e pelo executivo britânico Bill Browder. Browder é CEO do Fundo e já foi o maior investidor estrangeiro da Rússia até 2005, quando foi proibido de entrar no país e incluído na lista negra do governo russo como uma “ameaça à segurança nacional”. Bill Browder fez campanha para a aprovação da Lei Magnitsky nos EUA. A Getty Images via BBC desde então ele e o Hermitage Capital fizeram ativismo político contra a corrupção. Browder liderou a campanha que levou à aprovação da Lei Magnitsky nos EUA em 2012 durante o governo de Barack Obama. Em janeiro deste ano, o Supremo Tribunal da Suíça negou o apelo da Hermitage Capital – alegando que a empresa não estava interessada no caso e, portanto, não teria direito a contestar a decisão. Com isso, os cidadãos russos sancionados por Magnitsky teriam o direito de recuperar seu dinheiro, pois nem sequer eram formalmente acusados. Os bancos suíços então recorrem ao dilema que agora aparece no Brasil: seguir a decisão da justiça suíça ou o risco de ser punido nos EUA, no Reino Unido e no Canadá por não obedecer às sanções magnitsky? “A decisão levanta várias questões, inclusive se coloca os bancos suíços em violação ao direito internacional. Os três indivíduos russos estão sujeitos a sanções sob a lei de Magnitsky”, escreveu SwissInfo.CH. “Isso significa que os bancos suíços precisam avaliar cuidadosamente os riscos de violação potencial das sanções americanas”. Browder está levando a luta para instâncias internacionais. Ele escreveu um e -mail ao CEO do UBS pedindo ao banco que não devolva o dinheiro aos cidadãos russos. E pretende trabalhar com uma agência americana independente (Comissão Helsinque) para impor sanções magnitsky contra autoridades suíças que permitiriam que os três cidadãos russos retomassem seus fundos. Em uma entrevista à BBC News Brasil no mês passado, Browder criticou o uso da Lei Americana de Magnitsky – que ele ajudou a aprovar – contra Alexandre de Moraes pelo governo Trump. “A lei de Magnitsky foi estabelecida para impor sanções a violadores graves de direitos humanos e pessoas culpadas de grande cleptocracia em escala”, disse ele à BBC News Brasil. “Não foi criado para ser usado para vingança política. O uso atual da lei de Magnitsky é puramente político e não aborda questões de direitos humanos às quais foi originalmente elaborada”. O UBS não disse o que foi feito com os fundos russos. No início deste ano, o banco emitiu uma declaração em que afirmava estar em conformidade com todas as regras às quais está sujeito – sem especificar exatamente o que seria feito. A BBC News Brasil entrou em contato com o UBS na Suíça perguntando o que foi feito pelo banco – se o dinheiro foi devolvido aos cidadãos russos ou não – mas o banco não falou até a publicação deste relatório. A decisão de Dino da decisão de Flavio Dino permite que as empresas que adotem sanções de Magnitsky sejam punidas no Brasil. Getty Images via BBC na decisão emitida na segunda -feira (18/08), o ministro do STF, Flavio Dino, proíbe o pedido no Brasil de julgamentos legais e leis estrangeiras que não são validadas por acordos internacionais ou endossadas por tribunais brasileiros. Isso inclui a lei Magnitsky usada pelo governo Trump para retaliar as moras devido ao seu desempenho em procedimentos criminais que o ex -presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta no STF. Horas após a decisão de Dino, o Departamento de Estado dos EUA publicou na Rede Social X de que “nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas pelos EUA ou proteger alguém de conseqüências graves de quebrá -las”. Existem três consequências principais para aqueles que são colocados na lista de Lei Magnitsky: proibição de viajar para os EUA, congelando mercadorias nos EUA e proibição de qualquer pessoa ou empresa nos EUA de realizar transações econômicas com o indivíduo penalizado. Em teoria, isso impediria que as Moraes usem, por exemplo, cartões de crédito da American Flag, ou de ter contas e investimentos em bancos que atuam no mercado dos EUA. Mas os especialistas não sabem como dizer exatamente os limites das sanções a Moraes. A decisão de Dino acrescentou uma insegurança ainda maior – com queda no mercado de ações brasileiras no início desta semana.



g1

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