A cena é clássica: o mundo inteiro em pânico, a NASA com um plano milagulante envolvendo perfuradores de petróleo no espaço, e Bruce Willis olhando para o fim da humanidade com a face daqueles que já salvaram o Natal antes.
Enquanto um asteróide do tamanho do Texas ameaça transformar a Terra em uma memória geológica, uma equipe ortodoxa corre contra o tempo para destruir a pedra no espaço com uma ogiva nuclear.
No momento final, quando tudo parece perdido, o botão vermelho é empurrado e a bomba explode. O céu esclarece, o mundo suspira aliviado ao som de Eu não quero perder nadade Aerosmith.
É brega, é heróico, é noventa cinema no auge. Mas e se fosse verdade? Detonaria uma bomba nuclear no espaço realmente salvaria a terra de um asteróide? A ciência tem algo a dizer.
Explodiria uma bomba nuclear no espaço salvaria a Terra de um asteróide?
A idéia de usar armas nucleares para defender o planeta contra objetos espaciais perigosos sempre foi controversa. Existem questões éticas, políticas e técnicas envolvidas, mas o estudo realizado pelo Equipe Johns Hopkins Ele se concentrou apenas nos aspectos físicos e práticos da abordagem.
Os cientistas modelaram um cenário em que uma ogiva nuclear é detonada a alguns metros de um asteróide com cerca de 100 metros de diâmetro, semelhante ao que os dinossauros extinguiram 66 milhões de anos atrás.
O objetivo não seria destruir completamente o asteróide, mas mudar sua trajetória o suficiente para evitar um impacto na Terra.
Como funciona a deflexão da bomba nuclear

A principal vantagem da detonação nuclear perto de um asteróide está na liberação de radiação térmica extremamente intensa por um período muito curto de tempo.
Esse calor faz com que a superfície do asteróide evapore por simetricamente, gerando uma força de retirada capaz de alterar sua órbita.
De acordo com os modelos apresentados, esse método pode ser mais eficaz do que a tentativa de empurrar ou colidir diretamente com o objeto, conforme previsto nas missões de impacto cinético.
Um ponto fundamental para o sucesso da operação é o tempo com antecedência. Quanto mais cedo um asteróide for detectado, mais simples será a missão de deflexão (alterando sua rota de impacto para prevenir colidir com a Terra).
Se a detecção ocorre apenas algumas semanas antes do impacto, a explosão nuclear pode ser a única alternativa viável.
Nas simulações feitas com um objeto do tamanho do asteróide de Bennu, a deflexão bem -sucedida foi possível mesmo com janelas de resposta curta, desde que a ogiva fosse detonada no ponto direito e com energia adequada.
Quais são os riscos de usar uma bomba nuclear contra um asteróide no espaço?

Apesar dos resultados positivos das simulações, o uso de armas nucleares no espaço permanece cercado por incerteza. Um dos principais riscos é a fragmentação.
Em vez de desviar o asteróide, a explosão pode quebrá -la em pedaços grandes o suficiente para causar múltiplos impactos catastróficos. Além disso, o tratado espacial ao ar livre, assinado por dezenas de países, proíbe testes e o uso de armas nucleares fora da Terra, o que impõe barreiras legais à estratégia.
Outro desafio é a própria complexidade da operação. Jogar uma órbita precisa, garantindo que ele detone a uma distância ideal e que a energia seja transmitida corretamente ao asteróide, requer tecnologia avançada e coordenação internacional.
Qualquer erro de cálculo pode piorar a situação. Portanto, os pesquisadores apontam que a bomba nuclear deve ser vista como um último recurso, usado apenas em situações extremas, quando nenhuma outra estratégia for possível.
Apesar desses obstáculos, o estudo reacende o debate sobre o papel das tecnologias militares na defesa planetária.
Como demonstrado nas simulações, explosões nucleares controladas pelo espaço, longe da atmosfera da Terra, podem evitar desastres globais sem causar danos colaterais ao ambiente terrestre.
Mas isso só seria possível com o planejamento, a transparência e os acordos internacionais específicos para esse fim.
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O que aprendemos do passado

A extinção dos dinossauros é um lembrete brutal de que os impactos do asteróides podem mudar a história do planeta.
A cratera Chicxulub no México é a evidência geológica do impacto que causou um inverno global e levou à extinção de mais de 70% das espécies da época.
Ao contrário do que o cinema mostra, naquela época não havia tecnologia ou tempo de resposta para reagir. Hoje, o avanço da observação espacial permite que você detecte muitos objetos potencialmente perigosos com antecedência.
Assim, diferentes estratégias de defesa estão em desenvolvimento, como o uso de propulsores para alterar a órbita de um asteróide ao longo do tempo, ou colisões diretas com a espaçonave para alterar sua trajetória.
A missão DART da NASA demonstrou recentemente que é possível impactar um asteróide e desviar sua rota, embora modestamente. A detonação nuclear no espaço surge nesse contexto como uma alternativa de emergência viável, mas ainda depende de estudos mais profundos e vontade política internacional.
A boa notícia é que a maioria dos asteróides perto da Terra foi catalogada e nenhum representa uma ameaça iminente.
Ainda assim, os especialistas argumentam que os planos de contingência, incluindo os mais extremos, devem estar prontos para serem acionados se o improvável acontecer.
Afinal, mesmo que o cenário pareça fora de Hollywood, a possibilidade de um impacto catastrófico não é apenas ficção científica. E se o céu algum dia brilhar com um flash vindo do espaço, esse é o prenúncio de uma defesa bem -sucedida, não um desastre global.
Com informações de Natureza.