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sexta-feira, novembro 21, 2025

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‘Trabalhei sete dias seguidos e até de madrugada’, diz demitido do Itaú em home office

Economia'Trabalhei sete dias seguidos e até de madrugada', diz demitido do Itaú em home office



Marcos (nome fictício) trabalhou quase dez anos na Itaú em tecnologia. Foi promovido e concedido por desempenho. Ainda assim, foi demitido esta semana sob acusações de baixa produtividade no escritório em casa. Quando as notícias chegaram, não foi exatamente inesperado. Ele acabara de aprender que um colega havia sido desligado. Logo depois, seu coordenador perguntou quando ele ia ao escritório – Marcos trabalhava em um regime híbrido e só ia ao local ocasionalmente. Na chegada, ele foi levado para uma sala diferente do habitual, onde conhecia a renúncia. Ele pediu à BBC News Brasil para preservar seu nome verdadeiro, pois está procurando um novo emprego. A razão oficial alegada por seu supervisor foi “baixa produtividade no escritório do lar, vinculada ao tempo da tela”. “Trabalhei no fim de semana, mais de sete dias seguidos. Isso nos últimos seis meses. Mesmo assim, foi alegado que eu tinha baixa produtividade”. Marcos estava na lista de cortes que o Banco promoveu no início desta semana e mobilizou a União Bancária de São Paulo, Otasco e Região. Itaú não divulga o número total, mas o sindicato fala de pelo menos 1.000 descendentes. O motivo das demissões seria um problema de produtividade – com os funcionários do Home Office trabalhando menos horas eficazes do que a plataforma de trabalho da empresa. “Em alguns casos, os padrões foram identificados incompatíveis com nossos princípios de confiança, que não são necessários para o banco”, disse a declaração do Itaú aos veículos de imprensa. Mas como Itaú media essa produtividade de trabalhadores remotos? A empresa considera o uso de mouse ou teclado, software licenciado, se entrou em chamadas de vídeo, enviou mensagens, fez cursos de ensino a distância, entre outras métricas. Há exceções para esse controle: de acordo com a empresa, a política de monitoramento não permite capturar telas, áudios ou vídeos. Itaú disse que esse modelo híbrido, adotado desde 2022, oferece aos funcionários mais autonomia. Mas também requer um controle de viagem. O banco afirma que esse controle foi previsto em políticas internas assinadas pelos funcionários e de acordo com os sindicatos. Mas Marcos diz que nunca ficou claro como esse monitoramento foi feito. “Suspeitamos porque há muito monitoramento em nossos computadores. Mas não sabíamos que eles monitoraram cliques, guia Alt, rolagem, tempo de reunião, coisas assim”, disse ele. “Várias vezes eu almocei em frente ao computador porque não conseguia parar naquele momento, então tomei meu almoço mais tarde. Mesmo assim, isso não foi visto.” O banco diz que identificou uma minoria de trabalhadores com baixos níveis de atividade digital e que esse seria um comportamento padrão, não uma situação pontual. Algumas pessoas teriam trabalhado apenas 20% das vezes, sistematicamente. Marcos reclama de não ter a oportunidade de provar que trabalhou em tempo integral sem intervalos. “Não consigo nem provar, porque não vi minha porcentagem (tempo trabalhado). Ouvi dizer que estava 80% fora da máquina. Sei que nunca trabalhei apenas duas horas e então eu era outro lugar. Sempre fiz minhas oito horas. Não vimos a plataforma, não sabemos como é. Então, estávamos suspeitando e queremos saber por que por que eles foram escolhidos?” Segundo ele, os cortes foram feitos abruptamente, sem diálogo prévio. “Não houve feedback. Não foi avisado, conversou. Rolou um facão e quem tinha a perna abaixo foi cortado”, disse ele. “É preocupante. Chega um momento em que percebemos que eles nos dão o escritório em casa como um benefício, mas no final eles encontram uma desculpa que não faz sentido. Meu coordenador disse que eu era produtivo e que ele não tinha planos de fazer isso”. Marcos diz que não pensa em processar a empresa e já está procurando novos empregos. “Sabemos que isso queima um pouco no mercado. Sou jovem e acho que não vale a pena”. Faltava transparência nas razões que levaram a demissões em Itaú? A União Bancária de São Paulo, osasco e a região questionaram Itaú sobre a falta de transparência nas medidas adotadas. E afirma que o número de demissões é excessivo, desproporcional e injustificável. A organização também diz que “não é razoável usar mecanismos de monitoramento e vigilância para justificar cortes em massa. É necessário estabelecer limites claros para a vigilância digital, pois esse tipo de prática pode gerar pressão excessiva, afetar a saúde mental e criar um ambiente de trabalho opressivo”. Para o advogado especializado em direito trabalhista e professor da lei da FGV, Rio Paulo Renato Fernandes da Silva, é o direito do empregador supervisionar os funcionários. “Se o funcionário trabalha em casa, dentro da empresa ou dentro de um cliente, em teoria, a empresa continua a supervisionar”. Ele ressalta, no entanto, que é recomendável que os contratos lidem com a forma como esse monitoramento será feito. “É muito importante que os contratos criem, por exemplo, cláusulas que explicam que há algum tipo de controle. É recomendável. A forma de controle, em teoria, deve ser combinada com o trabalhador. Para que ele possa corresponder a essa situação. É um tipo de boa fé, lealdade, transparência, deveres inerentes ao contrato de trabalho”. Ele lembra que a lei brasileira estabelece que o funcionário pode ser desligado a qualquer momento, sem a necessidade de comunicar o motivo. Mas existem boas práticas adotadas por empresas, como dar ao funcionário mais prazo, conversando com antecedência com o trabalhador, oferecendo cursos de treinamento, entre outras opções. O que o banco disse sobre as demissões? Itaú confirmou as demissões em uma nota e disse que está “decorrente de uma revisão cuidadosa do trabalho remoto e do registro de jornada”. Ele também disse que “em alguns casos, os padrões foram identificados incompatíveis com nossos princípios de confiança, que não são negativos para o banco” e que “essas decisões fazem parte de um processo de gerenciamento responsável e pretende preservar nossa cultura e a relação de confiança que construímos com clientes, funcionários e sociedade”. Ele também apontou que o monitoramento das atividades digitais apoiou várias políticas internas e assinado por seus funcionários não apenas em seus contratos de trabalho, mas também na remoção de equipamentos corporativos, entre outros termos. Por que Itau lançou cerca de mil funcionários que trabalhavam em bancos brasileiros estão pegos em filmar entre Trump e Moraes, diz FT para receber dinheiro do Banco do Brasil? Como os grupos do WhatsApp acreditavam em falsas ‘falências’ devido a sanções dos EUA



g1

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