Michele Souto teve dois aneurismas em 2008 e teve que reviver para viver o arquivo pessoal: “Vi crianças flutuando de cima, como se estivessem fora do meu corpo. Não senti mais dor, apenas uma estranha sensação de paz. Pensei ter morrido.” O relatório é de Michele Souto, publicitário de 47 anos, que sobreviveu à ruptura de dois aneurismas cerebrais em 2008. Na época, ela tinha 31 anos e ficou surpresa com a dor repentina em sua cabeça. Ele procurou hospitais, recebeu diagnósticos de sinusite e enxaqueca, mas nenhuma hipótese de algo mais sério. No dia seguinte, dirigindo por uma movimentada avenida em São Paulo, a dor voltou tão intensamente que Michele teve que parar o carro no ombro. “Eu pensei que ia morrer ali. Liguei para o trabalho pedindo ajuda”, lembra ele. Horas depois, já em outra sala de emergência, os exames revelaram a causa: dois aneurismas haviam quebrado ao mesmo tempo, causando um enorme sangramento cerebral. A primeira cirurgia para parar o sangue durou 14 horas e teve que ser interrompida por um aumento significativo na pressão intracraniana. Michele teve um derrame na mesa de operação. Durante o coma, ela afirma ter vivido uma experiência quase de morte. “Era como assistir a cena externa, como se estivessem em outro lugar. As crianças não tinham pés, flutuavam. As mãos foram, eles fizeram um círculo ao meu redor. Eles estavam vestidos de branco, riram. Estávamos em uma floresta. Quando acordei, ainda perguntei a eles. Percebi que havia sobrevivido algo que poderia ter terminado com minha vida.” A recuperação foi lenta. Michele perdeu temporariamente a fala e a escrita. “Eu precisava reaprender os portugueses, para assinar meu nome, para me comunicar. Era como nascer de novo”, diz ele. Hoje, ele vive com pequenas limitações, mas mantém o seguimento neurológico anual. O que é aneurisma “Aneurisma é uma dilatação localizada na parede de uma artéria. A dilatação estica a parede, deixando -a enfraquecida e criando uma bolsa que pode quebrar a qualquer momento”, explica o neurocirurgião Helder Picarelli, pós -doutorado da Universidade de Sao Paulo (USP). Exemplos de aneurisma cerebral Romilto Pacheco/Arquivo pessoal Segundo ele, no cérebro, essas fraquezas geralmente aparecem nos garfos das artérias. Eles geralmente não sinalizam para quebrar. Por que a ruptura é perigosa quando o aneurisma quebra, o sangue escapa da artéria e invade tecidos onde não deveria estar. No cérebro, isso significa hemorragia subaracnóidea. “O sangue fora dos vasos é tóxico: irrita e inflama o tecido, causa aumento da pressão intracraniana e pode desencadear vasoespasmo, que é o estreitamento de outras artérias, reduzindo a circulação de oxigênio ao cérebro”, explica Picarelli. Esses efeitos podem causar morte imediata ou sequelas graves. Em outros lugares do corpo, como a aorta, a ruptura geralmente leva a um sangramento enorme, muitas vezes fulminante. O médico aponta, no entanto, que nem todo aneurisma requer cirurgia. “Muitos permanecem pequenos e estáveis por toda a vida. Quando não há risco de ruptura, o paciente pode viver com o aneurisma, desde que mantenha o acompanhamento periódico -por imagem e controle rigoroso da pressão arterial”. O chefe da equipe de cirurgia vascular e endovascular do Hospital e endovascular de Santa Catarina, Carlos Alberto Costa, reforça: “A decisão de intervir depende do tamanho, forma e localização. Em alguns casos, a conduta mais segura é apenas observar. Viver com um aneurisma é possível, desde que haja uma vigilância médica adequada.” Mulheres maiores aneurisma cerebral afeta 3% a 5% da população mundial. A maioria nunca quebra, mas quando isso acontece, a letalidade pode atingir 60%. De acordo com o neurocirurgião Feres Chaddad, chefe de neurocirurgia vascular da Universidade Federal de São Paulo (unifesp), as mulheres estão em maior risco. Eles têm até 60% mais chances de desenvolver aneurisma cerebral e 1,4 tempo mais riscos de ruptura em comparação aos homens. Tipos e lugares onde o aneurisma pode aparecer, embora o caso de Michele tenha sido cerebral, os aneurismas podem surgir em diferentes artérias do corpo. O cirurgião vascular Carlos Alberto Costa explica que eles podem afetar: aorta abdominal: mais comum, ligada a fatores como tabagismo, hipertensão e envelhecimento; Aorta torácica: menos frequente, mas frequentemente associada a doenças genéticas como a síndrome de Marfan; Iliacs: nas artérias que trazem sangue para as pernas; Visceral: em vasos intestinais, rins, fígado e baço; Esplênico: no baço, mais observado em mulheres grávidas; Popliteal e femoral: nas pernas, atrás do joelho ou coxa. Na maioria das vezes, esses aneurismas não causam sintomas até atingirem dimensões maiores ou serem descobertas em exames de rotina. “Em alguns casos, pode haver dor localizada ou sensação de pulso, mas em grande parte do diagnóstico é incidental”, explica Costa. “O risco de complicações aumenta à medida que o aneurisma aumenta. Portanto, avaliamos o diâmetro e a história clínica para decidir se é necessário apenas seguir ou indicar tratamento cirúrgico ou endovascular”, acrescenta ele. Causas: Genética e fatores adquiriram cirurgião cardíaco no Hospital de Benefício por Português, Ricardo Kazunori Katayose detalha que as causas do aneurisma podem ser genéticas, como nas síndromes de tecido conjuntivo (Marfan, Ehlers-Danlos), que tornam as artérias mais frágeis. Eles também podem ser adquiridos ao longo da vida, por degeneração da parede arterial causada por hipertensão, tabagismo, aterosclerose e colesterol alto. Existem também aneurismas causados por trauma ou procedimentos médicos invasivos, chamados pseudoaneurismos. “Aqueles com parentes de primeiro grau com aneurisma devem investigar, mesmo sem sintomas”, o cirurgião reforça. Sintomas de ruptura cerebral: dor de cabeça repentina e muito intensa (“a pior vida”), acompanhada de náusea, vômito, rigidez do pescoço, confusão mental ou perda de consciência. Na aorta abdominal: dor abdominal ou lombar forte, pulso da barriga. Na aorta torácica: dor no peito, costas ou falta de ar. Nas regiões periféricas: inchaço ou massa pulsátil em braços ou pernas. Nem todos causam sintomas antes da ruptura. Portanto, muitos são descobertos em exames de rotina. Diagnóstico e tratamento O diagnóstico é feito por exames de imagem, como aniotomografia ou ressonância magnética. O risco de ruptura também depende do formulário. “Aneurismas fusiformes, que dilatam toda a artéria, tendem a ser mais estáveis. O sacular, em forma de bolsa, é mais instável e precisa de mais atenção”, explica Katayose. Quando a intervenção é indicada, o objetivo é excluir o aneurisma de circulação. Isso pode ser feito por: cirurgia aberta, com recorte ou substituição da parte da artéria; Procedimentos endovasculares, onde molas ou stents reforçam a parede do vaso. “Na fase aguda, o endovascular é frequentemente preferido porque é menos agressivo, mas há situações em que a cirurgia aberta ainda é necessária. O essencial é que a escolha seja individualizada”, diz Katayose. Michele teve que reviver para falar e escrever sequelas de arquivos pessoais e reabilitação sobrevivente do aneurisma cerebral no cérebro pode enfrentar sequelas importantes. “Entre os que chegam ao hospital, mais da metade recebe algum grau de incapacidade”, diz Picarelli. As complicações variam de dificuldades motoras a mudanças cognitivas. Michele viveu esse processo. “No começo, não entendi o que as pessoas disseram. As palavras não faziam sentido. Era como viver em uma névoa de confusão”, lembra ele. Foram necessários meses de terapia da fala e fisioterapia. “Foi frustrante não conseguir encontrar palavras simples, mas a reabilitação me mostrou que era possível reconstruir minha vida”, diz ele. Hoje, ele trabalha e mantém uma vida ativa, apesar de ocasionais lapsos de memória. Como impedir que todo aneurisma possa ser evitado, mas os fatores de risco podem ser controlados. Os especialistas recomendam: manter a pressão arterial sob controle; Evite fumar, drogas e excesso de álcool; adotar alimentação saudável e praticar atividade física regular; Investigue histórico familiar. “Cada paciente merece uma abordagem individualizada. O mais importante é entender que o aneurisma não deve ser um pânico, mas a atenção. Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, é possível reduzir o risco e preservar a qualidade de vida”, conclui a katayose. O neurologista explica os riscos de aneurisma cerebral
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