Um estudo recente divulgado em junho pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que os gastos públicos de estados e municípios brasileiros cresceram muito mais do que as despesas do governo federal desde o início da pandemia Covid-19. Essa expansão significativa das despesas subnacionais traz desafios ao controle da inflação e dificulta a coordenação das políticas econômicas no país.
Preparado pelos economistas Brráulio Borges e Manoel Pires, a pesquisa mostra que as despesas dos governos regionais aumentaram 37% desde 2021, enquanto os gastos federais aumentaram apenas 15% no mesmo período. A disparidade destaca um processo de descentralização fiscal, que, apesar de ter aspectos positivos, pode levar a riscos tributários e comprometer o ajuste das contas públicas.
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Crescimento expressivo dos gastos subnacionais

Os dados trimestrais e trimestrais da FGV indicam que, no quarto trimestre de 2024, as despesas de estados e municípios atingiram R $ 643 bilhões – um valor que excedeu R $ 660 bilhões em trimestres anteriores. Esse valor é significativamente maior que as despesas do governo federal, que cresceram modestamente na última década, com picos pandêmicos.
Os economistas apontam que, embora o governo federal faça transferências importantes para estados e municípios – como o FUNEB, a lei de Kandir e os fundos constitucionais – seus próprios recursos e empréstimos também aumentaram, contribuindo para a quitação nas despesas.
Fontes de financiamento e aumento da coleta
Segundo o estudo, a elevação das receitas locais foi mantida principalmente por:
- Transferências federais, que aumentaram com o crescimento das taxas do Fundo de Participação Municipal (FPM) em 2007, 2014 e 2021, bem como a expansão do FUNEB de 2021;
- Coleção duplicada no setor extrativo, que aloca parte dos recursos para os governos regionais;
- Empréstimos garantidos pela União, que saltou de R $ 2,6 bilhões em 2015 para R $ 42,1 bilhões em 2024;
- O aumento de sua própria coleção, que passou de 10,4% para 10,9% do PIB entre 2020 e 2024, excedendo os níveis de pré-libra.
Com o aumento da receita, estados e municípios expandiram significativamente as despesas com folha de pagamento, custo e investimentos.
Disparidade nas despesas entre os níveis de governo
Os dados revelam que a folha de pagamento de funcionários ativos e inativos nos Estados Unidos e municípios é cerca de três vezes maior que o federal. De 2021 a 2024, essa despesa aumentou de R $ 219,6 bilhões para R $ 271,5 bilhões, enquanto o federal permaneceu estável ou recuou no período.
Além disso, os custos com financiamento nos governos regionais quase dobraram, de R $ 139 bilhões para R $ 216 bilhões no último trimestre de 2024. Os investimentos aumentaram de R $ 24,8 bilhões para R $ 54,8 bilhões, contrastando com investimentos federais que variaram entre R $ 6 bilhões e R $ 10 bilhões desde 2016.
Por sua vez, o governo federal concentrou o crescimento de despesas com benefícios de previdência social e programas sociais, como a Bolsa Familia e o BPC, que cresceram de R $ 298 bilhões para R $ 379 bilhões no período.
Descentralização fiscal: avanços e desafios
O aumento dos gastos regionais reflete uma mudança na organização política do Brasil, com maior protagonismo da legislatura e maior autonomia dos governos locais. Essa “descentralização fiscal”, que ocorreu em uma não coordenada e principalmente por meio de transferências federais, tem vantagens como o conhecimento local das necessidades da população.
No entanto, os economistas alertam sobre os riscos associados:
- Maior probabilidade de crises tributárias regionais;
- Subtribuição local em impostos como ITR, IPTU e ITCMD;
- Possível necessidade de alívio financeiro da união para as entidades subnacionais;
- Complexidade na coordenação de políticas macroeconômicas.
Impacto no ajuste fiscal e controle da dívida pública

Bráulio Borges e Manoel Pires apontam que o aumento significativo das despesas estaduais e municipais dificulta o esforço nacional para equilibrar as contas públicas. O governo federal, por sua vez, enfrenta um cenário desafiador, com alta dívida pública, a necessidade de ajustes e alta pressão para controlar a inflação.
““O que é visto até agora, no entanto, é o lado negativo da descentralização, ou seja, fragmentação. Há maior dificuldade que o governo federal organiza políticas públicas e ações de coordenação e maior rivalidade entre entidades federativas, mesmo em políticas de interesse comum. Principalmente, com o país diante do enorme desafio de fazer um ajuste fiscal estrutural necessário, é complicado que esse esforço hoje seja limitado ao sindicato, que já tem uma agenda pesada com previdência social, benefícios sociais, indexando a receita de políticas de saúde e educação e gastos tributários“, Os pesquisadores dizem.
Eles apontam que o ajuste fiscal, essencial para evitar o crescimento não controlado da dívida e reduzir a pressão sobre as taxas de juros, depende do alinhamento do Congresso, governos estaduais e municípios, muitos dos quais ainda não adotaram medidas para estabilizar as contas públicas.
O papel do Congresso e Perspectivas Futuras
Decisões recentes são a renegociação das dívidas estatais e a criação de fundos de transferência na reforma tributária, que deve expandir a capacidade de gastar governos regionais. Por outro lado, a falta de coordenação pode agravar os desafios fiscais.
Os economistas concluem que um maior alinhamento é essencial entre as entidades federativas para garantir a estabilidade econômica do país e evitar desequilíbrios que comprometem o crescimento e o controle da inflação.
Com informações de: Economia | G1