Em meio a um cenário econômico marcado por incertezas, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) decidiu por unanimidade aumentar a taxa de juros básica, para Selic, para 15% ao ano. Esta é a sétima elevação consecutiva da Selic e a taxa atinge seu nível mais alto desde julho de 2006.
A decisão, que surpreendeu a parte do mercado financeiro, indica uma possível quebra no ciclo de ascensão, embora o copom mantenha a vigilância sobre a inflação.
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Uma elevação inesperada em meio à inflação controlada

Apesar do recente retiro da inflação oficial, medido pelo amplo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), a decisão do Copom de aumentar o Selic em 0,25 ponto percentual – de 14,75% a 15% ao ano – destruiu as expectativas da maioria dos analistas, esperando manter a taxa.
Na declaração oficial, o Comitê enfatizou que manterá a taxa em 15% durante as próximas reuniões para observar os efeitos acumulados do ciclo Altas já implementados. No entanto, ele não descartou novas elevações se os indicadores inflacionários pressionarem novamente.
“Ao confirmar o cenário esperado, o comitê antecipa uma interrupção no ciclo de aumento de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já feitos, como são observados e, em seguida, avaliar se o nível atual da taxa de juros, considerando sua manutenção por um período muito prolongado, é suficiente para garantir a convergência da inflação à meta”, disse o BC.
A autoridade monetária também deixou claro que está pronto para ajustar a política monetária a qualquer momento, reafirmando que “não hesitará em continuar o ciclo de ajuste se considerar apropriado”.
História de ciclo alto sele
Desde setembro de 2024, o Banco Central promove elevações sucessivas na Selic para conter a inflação e ancorar as expectativas econômicas. Antes desse período, o Selic estava estável em 10,5% ao ano, em vigor entre junho e agosto do ano passado.
O aumento ocorreu em seis etapas até maio deste ano, com 4,5 pontos percentuais acumulados, além do aumento mais recente de 0,25 pontos, totalizando 7 seguintes elevações que levaram a taxa em seu nível mais alto em quase duas décadas.
Inflação e metas do banco central
A taxa selo é o principal instrumento do banco central para controlar a inflação oficial no Brasil, monitorada pelo IPCA. Em maio, a taxa de inflação diminuiu para 0,26%, apesar da pressão de preços em alimentos e eletricidade. Ainda assim, o acumulado em 12 meses permanece em 5,32%, acima do teto da meta atual, que é de 4,5%.
Desde janeiro, o sistema -alvo da inflação adotado pelo Conselho Monetário Nacional tem sido contínuo, com as metas mensais avaliadas nos 12 meses anteriores, incluindo intervalo de tolerância por percentual de 1,5 por percentual acima ou abaixo da meta central de 3%.
No último relatório de inflação, divulgado em março, o Banco Central revisou sua projeção ao IPCA até 2025 a 5,1%, embora essa previsão possa ser ajustada de acordo com variáveis como pressões de dólar e preço.
O Focus Bulletin, uma pesquisa semanal que consolida as expectativas do mercado financeiro, estima 5,25% de inflação no ano, um pouco acima da meta e menos do que a previsão anterior de 5,5%.
Perspectivas econômicas e impacto de interesse
Juros mais altos tornam o crédito mais caro, reduzindo o consumo e a produção, o que ajuda a conter a inflação, mas pode retardar o crescimento econômico. Em seu último relatório, o Banco Central revisou a projeção de crescimento do produto interno bruto (PIB) para 1,9% em 2025.
Por sua vez, o mercado mantém uma visão mais otimista, com a última edição do Focus Bulletin prevendo 2,2% da expansão do PIB para o mesmo ano.
Como a seleção influencia a economia

A taxa de juros básica serve como referência para várias operações financeiras no país, influenciando o custo de crédito para famílias e empresas. No sistema especial de liquidação e custódia (Selic), o banco central negocia títulos do governo que marcam essa taxa.
Ao aumentar o Selic, o BC procura manter a demanda pela economia, desencorajando empréstimos e gastos, o que pressiona menos preços. Por outro lado, o Selic reduz o crédito barato, incentiva os investimentos e o consumo, mas aumenta o risco de aceleração inflacionária.
O que esperar nos próximos meses
Com o Selic no nível atual, o copom sinaliza a possibilidade de pausa no ciclo de ascensão para analisar os efeitos acumulados dos aumentos já implementados. Essa estabilidade deve prevalecer pelo menos até o segundo tempo, mas a decisão futura dependerá do comportamento da inflação e de outros indicadores econômicos.
O banco central mantém uma posição vigilante e está disposto a retomar o aperto monetário se os riscos inflacionários se concretizarem.
Com informações de: Agência Brasil