Um novo capítulo da disputa sobre a transparência no uso de fundos públicos foi aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Flávio Dino determinou que os representantes do executivo, o legislativo e os partidos políticos esclarecem, em dez dias úteis, o destino de bilhões de recursos orçamentários que, segundo as queixas, seriam gerenciados por meio de emendas “camufladas” do comitê.
Contexto ADPF 854

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O que é ADPF 854?
O ADPF 854 é uma ação constitucional que questiona os limites do desempenho da legislatura na gestão das emendas parlamentares e busca garantir a conformidade com os princípios de transparência, publicidade e rastreabilidade no uso de recursos públicos.
Apresentado por organizações Transparência BrasilTransparência internacional – Brasil e Contas abertasA ação denuncia a existência de uma prática orçamentária paralela, à margem das regras legais estabelecidas.
Quais são as suspeitas?
Entidades afirmam que os parlamentares usaram Emendas da comissão disfarçadasEvitando o uso do código do identificador RP 8obrigatório para esse tipo de alteração. No lugar, os códigos são usados Rp 2 e Rp 3que classificam os fundos como “despesas discricionárias” do executivo ou investimentos vinculados ao novo PAC.
Como funcionam as emendas?
O que o acrônimo RP representa?
O acrônimo Rp Significa “resultado primário” e os números que o acompanham identificam a natureza da despesa.
RP 2: Despesas com flexibilidade de execução
Isso inclui investimentos, custos e outras despesas que não fazem parte das obrigações legais do governo, como o pagamento de benefícios de pessoal ou previdência social. Esses recursos podem ser realocados de acordo com as decisões executivas, o que permite maior autonomia, mas também requer transparência e controle institucional.
RP 3: Concentre -se em novos investimentos em PAC
Embora também sejam discricionários, esses valores têm um objetivo mais orientado, geralmente focado em infraestrutura, mobilidade urbana, saneamento e outros projetos de estruturação. Apesar do destino temático, ainda há uma margem de decisão política sobre onde e como aplicar dinheiro.
Corpos que concentram os recursos
Principais alvos de transferências
Entre os órgãos que concentram os maiores valores dessas emendas paralelas estão:
- DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte)
- Codevasf (São Francisco e Parnaíba Valleys Development Company)
- DNOCs (Departamento Nacional de Trabalhos de Secas)
Essas instituições foram citadas anteriormente em relatórios e investigações relacionadas a práticas orçamentárias questionáveis,
Evidências de nova prática irregular no Ministério da Saúde: R $ 3 bilhões sob influência política
Um cálculo divulgado em maio de 2025 pelo portal da UOL apontou que deputados e senadores teriam recebido uma aprovação para sugerir diretamente cerca de R $ 3 bilhões do orçamento da pasta. A denúncia indica ausência de critérios e transparência técnica, levantando suspeitas sobre o possível uso político de recursos públicos sem o devido seguimento institucional.
Posicionamento do ministro Flávio Dino
Envolvido deve se manifestar em 10 dias úteis
Na decisão, o ministro Flávio Dino reconheceu que lá Dúvidas substanciais Sobre a natureza das emendas classificadas como Rp 2 e Rp 3. Embora tecnicamente essas categorias não sejam o foco principal do ADPF, o ministro diz que é necessário investigar se Há uma violação dos princípios constitucionais no processo orçamentário.
Diante disso, Dino determinou 10 dias úteis para que:
- Governo federal
- Congresso Nacional
- Partidos políticos
- Ministério da Saúde
- Muito envolvido
Transparência sob controle
Princípios constitucionais ameaçados
O movimento do orçamento paralelo dói, de acordo com os autores do ADPF, o Princípios de Administração Pública Consagrado no artigo 37 da Constituição Federal:
- Legalidade
- Impessoalidade
- Moralidade
- Anúncio
- Eficiência
Falta de rastreabilidade
O uso de classificações genéricas como Rp 2 e Rp 3 dificulta a rastreabilidade dos recursosprejudica a inspeção por corpos de controle e enfraquece a confiança do público na aplicação de dinheiro coletado com impostos.
Repercussão política e institucional

Congresso e executivo em silêncio
Até o momento, não houve manifestação oficial pelos presidentes da Câmara de Deputados e do Senado Federal, nem do Ministério da Saúde ou do Palácio Planalto. Nos bastidores, há medo de que a ação de STF reabre o debate sobre a constitucionalidade das emendas parlamentarestema sensível à legislatura.
Perguntas frequentes – perguntas frequentes
O que são as emendas da Comissão?
Essas são indicações de despesas feitas por comissões permanentes do Congresso Nacional, como parte do processo de preparação da lei orçamentária anual.
Qual é o orçamento secreto?
Foi um mecanismo usado entre 2020 e 2022 que permitiu a distribuição de fundos por indicação política, sem critérios objetivos ou transparência. Foi declarado inconstitucional pela Suprema Corte.
Qual é o papel da Suprema Corte sobre esta questão?
A Suprema Corte, por meio da ADPF 854, analisa se a prática atual de alocação de recursos por emendas parlamentares prejudica os princípios constitucionaiscomo transparência e controle público.
Quais são os próximos passos?
Governo, Congresso e outros envolvidos devem responder dentro de 10 dias úteis. A Suprema Corte avaliará os esclarecimentos e poderá decidir expandir a investigação ou adotar medidas corretivas.
Considerações finais
A determinação do ministro Flávio Dino marca um novo capítulo na disputa entre os poderes em torno do orçamento federal. A possível existência de um novo modelo de “orçamento secreto” levanta preocupações sobre a legalidade das práticas parlamentares e pode ter consequências relevantes no campo jurídico e político.