O procurador -geral da União (AGU) Uma solicitação do Supremo Tribunal Federal (STF) apresentou na quinta -feira (12) para as vítimas de fraude em descontos inadequados para os benefícios do INSS para serem automaticamente reembolsados pela rota administrativa, sem a necessidade de registrar ações judiciais. O pedido foi feito através de um argumento de preceito fundamental (ADPF), apresentado no contexto da operação “sem desconto”, que investiga um esquema bilionário de fraude contra aposentados e pensionistas.
Segundo Agu, o objetivo é garantir mais velocidade, justiça e proteção aos beneficiários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSs) que foram feridos por práticas ilícitas. A solicitação também inclui a suspensão da contagem de prazos de prescrição para que os prejudicados não sejam penalizados enquanto esperam uma solução administrativa.
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Qual é a operação “sem desconto”?

A operação “sem desconto” foi desencadeada pela polícia federal (PF) para investigar uma série de fraudes cometidas contra aposentados e pensionistas. Entre as metas estão associações e entidades que fizeram descontos inadequados nos pagamentos de beneficiários do INSS, como contribuições fictícias para sindicatos ou entidades de classe, sem o consentimento do segurado.
Fraude em larga escala
De acordo com as investigações, há suspeitas de que bilhões de reais foram desviados por essas fraudes. A polícia federal, em uma ação recente, serviu mandados no estado de Sergipe, um dos pólos de gangues. A estimativa preliminar é que as irregularidades afetaram centenas de milhares de segurados.
AGU Pedido abrange receita médica e crédito extraordinário
Além da solicitação de retorno administrativo dos valores, a AGU também solicitou que o Supremo Tribunal suspenda a contagem do estatuto de limitações – aqueles que determinam o tempo máximo para as vítimas recorreram aos tribunais. A suspensão seria válida até que os valores desviados comecem a ser devolvidos administrativamente. A idéia é evitar a judicização em massa dos pedidos de reembolso e proteger principalmente os beneficiários mais vulneráveis.
Proposta de crédito extraordinária fora do teto de gastos
Outro ponto da solicitação de Agu é a autorização para o governo federal abrir crédito extraordinário, fora do teto de gastos, para permitir o retorno dos valores. Segundo a agência, seria impossível cumprir o reembolso dos beneficiários com os limites fiscais previstos para os orçamentos de 2025 e 2026.
Precedentes citados
O AGU citou dois precedentes nos quais a Suprema Corte autorizou as despesas fora do teto constitucional em situações excepcionais:
ADI 7064
O que permitiu o pagamento do precatório fora do limite fiscal.
PET 12.862
Que permitiu ações de emergência após inundações no Rio Grande do Sul, em agosto de 2024.
Esses exemplos foram usados como justificativa para criar uma maneira semelhante no caso de danos causados por fraude do INSS, argumentando que a situação também é um caso excepcional com impacto social relevante.
Relator com ministro Dias Toffoli
A solicitação enviada pela AGU solicita que o ministro Dias Toffoli seja o relator do ADPF. Isso ocorre porque já atua como um relator de outra ação que trata diretamente dos descontos indevidos para os benefícios do INSS – ADPF nº 1.234. O objetivo é evitar decisões conflitantes sobre o mesmo tema e garantir a uniformidade na condução do caso.
Impactos esperados para aposentados e aposentados
Se o pedido for aceito pelo Supremo Tribunal, os beneficiários feridos por fraude terão seus valores reembolsados diretamente pelo governo, sem ter que contratar advogados ou esperar anos para decisões judiciais. A medida busca corrigir rapidamente os danos sofridos por milhares de idosos que geralmente nem entendem a origem dos descontos em seus salários.
Aposentados são os mais afetados

A maioria das vítimas de fraude são idosos aposentados ou pensionistas de renda limitados, que geralmente não têm meios financeiros ou conhecimentos para apelar ao tribunal. O retorno automático é visto como uma medida humanitária e eficiente para reparar essas perdas.
Associações de fantasmas e autorizações forjadas
Várias fraudes foram feitas com base em autorizações falsas de desconto, supostamente assinadas com associações que os beneficiários nem sabiam. Em muitos casos, os idosos nem sabiam a existência desses descontos, que eram pequenos, mas recorrentes, dificultando sua detecção imediata.
Contexto fiscal e político
O pedido para autorizar crédito extraordinário fora do teto de gastos pode gerar debates no Congresso e entre economistas. No entanto, o AGU argumenta que a medida não é uma flexibilidade fiscal generalizada, mas uma exceção para corrigir injustiças graves contra populações vulneráveis.
Reação do governo
Fontes da equipe econômica já demonstraram apoio à proposta, desde que ela seja tratada com cuidados legais e financeiros adequados. A intenção é criar um sistema robusto e transparente para retornar valores, com controle rigoroso para evitar mais desvios.
Expectativas para a decisão do STF
O estudo ADPF ainda não está agendado, mas a escolha do Relator Dias Toffoli pode acelerar a análise do caso, dada a sua história de agir com o tema. O ministro já falou a favor da proteção dos aposentados em decisões anteriores relacionadas ao INSS.
Maneiras possíveis
O STF pode:
- Conceda parcialmente o pedido, autorizando apenas o retorno administrativo sem crédito extraordinário
- Aprovar totalmente a proposta da AGU
- Exigem que os casos sejam analisados individualmente, o que pode atrasar o processo de reembolso
O que os especialistas dizem
Especialistas em Seguridade Social e Direito Constitucional elogiaram a iniciativa da AGU por buscar uma solução rápida e coletiva. Para eles, a judicização em massa seria contraproducente, esmagadora ainda mais o judiciário e deixando os aposentados sem resposta por anos.
No entanto, há aqueles que alertam sobre a necessidade de cuidados na execução do reembolso, exigindo auditorias estritas e ampla transparência.
O próximo passo

O Supremo deve definir se aceita o relatório do Relator de Toffoli nos próximos dias. A decisão sobre o mérito da ação pode ocorrer em 2025, dada a urgência do sujeito. Enquanto isso, milhares de beneficiários aguardam o retorno de valores que foram descontados indevidamente em muitos casos ao longo dos anos.
Conclusão
O pedido de Agu à Suprema Corte representa um passo importante na reparação de fraudes que atingiram milhares de beneficiários do INSS, especialmente aposentados e aposentados em situações vulneráveis. Ao propor o retorno automático de valores e o crédito extraordinário fora do teto de gastos, o governo busca não apenas justiça, mas também agilidade e dignidade no tratamento dessas vítimas. A decisão do Supremo será crucial para definir se o Brasil dará uma resposta rápida e eficaz a esse escândalo envolvendo recursos públicos e direitos sociais.