Uma nova etapa de revisão nos benefícios dos cuidados do INSS está em andamento e ameaça atingir diretamente 800.000 brasileiros que dependem do benefício contínuo (BPC). A medida, que começou a ser implementada mais em junho de 2025, é baseada no decreto nº 12.534, que modificou as regras para calcular a renda familiar per capita – o principal critério de elegibilidade do BPC. O pente federal do governo federal pretende apertar o controle sobre as transferências, mas causou apreensão entre idosos e pessoas com deficiência que vivem em vulnerabilidade social.
O que é BPC e como funciona
O benefício contínuo de benefício é garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e prevê o pagamento de um salário mensal mínimo aos idosos a 65 anos ou mais e pessoas com deficiência de qualquer idade, desde que prove que não têm meios de fornecer sua própria subsistência ou fornecê -lo à sua família.
Leia mais:
INSS brotos de linha no 1º semestre e deixa milhões de espera
O BPC não é a aposentadoria e, portanto, não requer contribuição para o INSS. No entanto, o beneficiário deve ter renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário mínimo. Além disso, deve ser registrado no Registro de Programas Sociais do Governo Federal (Cadúnico) e, no caso da deficiência, passa por avaliação médica e social.
O que motivou o novo pente
O governo federal afirma que a revisão é uma maneira de garantir que o benefício seja pago apenas àqueles que realmente precisam. No entanto, a iniciativa vem após um contexto mais amplo de ajuste fiscal e cortes nos programas sociais. Com a frustração das receitas e o aumento das despesas obrigatórias, o orçamento de assistência social sofreu bloqueios significativos e o BPC se tornou um dos alvos centrais da contenção de gastos.
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) e o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSs) começaram a cruzar dados comparando as informações do Cadúnico com registros federais de receita, sistema bancário e bases estaduais. O objetivo é identificar inconsistências, renda não declarada e possível fraude.
Decreto nº 12.534/2025: O que mudou
O novo decreto alterou os pontos fundamentais do decreto nº 6.214/2007, que regula o BPC. A mudança mais controversa é a expansão da renda considerada no cálculo da renda familiar. Em vez disso, certos valores eventuais ou informais não foram incluídos. Agora eles são contabilizados, entre eles:
- Pensões alimentares
- Auxílios de custo de parentes
- Benefícios de atendimento pagos por estados ou municípios
- Renda informal do trabalho
- AIDS esporádicos recebidos via pix
Essa nova interpretação da renda familiar faz com que muitas famílias excedam 1/4 do salário mínimo por pessoa, mesmo sem realmente melhorar sua condição de vida.
Quem pode ser afetado pela revisão
De acordo com as projeções do próprio governo, cerca de 800.000 pessoas estão na visão da revisão. Esses beneficiários podem ser suspensos se não atualizarem os dados em cadunic, apresentar informações inconsistentes ou ter renda considerada incompatível com os critérios do BPC.
Entre os mais vulneráveis estão:
- Idosos com ajuda financeira de filhos ou netos
- Pessoas com deficiência em tratamento contínuo
- Famílias com membros desempregados, mas que recebem apoio informal
- Beneficiários que vivem em regiões onde as prefeituras pagam ajuda local
Como os beneficiários serão notificados
O INSS iniciou notificações através do aplicativo My INSS, Telefonica 135 central e por cartas. As mensagens de texto também estão sendo enviadas para telefones celulares registrados em Cadúnico.
O beneficiário notificado terá um prazo para apresentar defesa administrativa e atualizar seus dados no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). Se você não atender aos requisitos no prazo, o benefício poderá ser suspenso e posteriormente cancelado.
A importância de atualizar o cadunico

Um dos pontos centrais para evitar cortar o benefício é manter o cadunico atualizado. As famílias que não atualizam as informações há mais de dois anos são solicitadas principalmente para revisão. Entre os dados que precisam estar corretos, estão:
- Composição da família
- Endereço
- Renda de cada membro
- Situação de trabalho ou saúde
Qualquer erro, omissão ou falta de prova pode ser interpretado como irregularidade pelos INSs, mesmo que não haja má fé.
Risco de exclusão injusta
Entidades de direitos humanos, defensores públicos e advogados especializados alertam sobre o risco de que o pente penteado promova uma exclusão em massa de beneficiários legítimos. De acordo com o Gabinete do Defensor Público da União (DPU), o novo modelo de cálculo ignora as nuances da pobreza e transforma eventuais auxílios em renda permanente.
Um exemplo citado pelos defensores é o de um homem idoso que recebe US $ 200 por mês de seu filho para comprar medicamentos e, portanto, tem o corte do BPC. Ou de uma pessoa com deficiência cuja família recebeu uma ajuda funerária da prefeitura e, assim, excedeu temporariamente a linha de pobreza exigida pela norma.
Jurisprudência no critério de renda
O Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior de Justiça (STJ) já decidiram, em vários casos, que o critério de renda do BPC não deve ser interpretado de maneira matemática e rígida. A jurisprudência reconhece que o juiz pode tornar esse critério mais flexível quando há prova da condição de miséria.
No entanto, da maneira administrativa, o INSS ainda adota o cálculo exato, que trouxe muitos beneficiários ao tribunal para reverter suspensões impróprias.
O papel da lei e da assistência social
Dado esse cenário, o desempenho dos advogados da seguridade social e a assistência social dos municípios serão fundamentais para garantir que os direitos das pessoas em situações de vulnerabilidade sejam respeitados. Orientar a população sobre seus direitos, ajudando a atualizar os recursos cadunic e entrando em administração ou judicial, são ações que devem ser intensificadas nos próximos meses.
Organizações como o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e o Instituto Brasileiro de Direito da Seguridade Social (IBDP) também alertaram sobre a importância da mobilização social e da pressão política contra medidas que expandem a exclusão social.
Como agir se o benefício for suspenso

Se o beneficiário receber notificação de suspensão ou corte do BPC, deve:
- Verifique a causa no meu INSS ou 135
- Atualize Cadúnico nos CRAs do município
- Reunir documentos que provam a situação da vulnerabilidade
- Defesa administrativa de protocolo no INSS
- Se necessário, procure o defensor público ou advogado especializado para entrar com uma ação judicial
É essencial agir rapidamente, pois não conformidade com os prazos pode resultar em perda definitiva do benefício.
O impacto social do corte em massa
A remoção de até 800.000 benefícios do BPC representaria uma perda mensal de quase R $ 1 bilhão em circulação na economia, afetando principalmente pequenos municípios e regiões de baixa renda. O BPC é frequentemente a única fonte de apoio de famílias inteiras. O corte abrupto pode causar maior pobreza extrema, abandono de tratamentos médicos, abandono (quando o beneficiário é responsável por apoiar seus filhos) e até o aumento da mortalidade entre idosos e pessoas com deficiência.
Conclusão: Mais critério e menos rigidez
O pente de INSSSob o pretexto de corrigir distorções e fraudes, não pode se tornar um instrumento de exclusão social. É necessário equilíbrio entre controle e proteção, considerando a realidade das famílias que dependem do BPC. O Brasil está enfrentando um momento de grandes desafios tributários, mas o ajuste não pode ser feito sobre os mais pobres.
A sociedade civil, o judiciário e os órgãos de defesa dos direitos devem permanecer alertas. A revisão do BPC precisa ser feita com transparência, critérios humanos e respeito pela dignidade das pessoas mais vulneráveis.