A decisão do governo federal de rescindir a isenção de imposto de renda (IR) em Cartas de Crédito Imobiliário (LCI) e o agronegócio (LCA) promete impactar diretamente os investidores brasileiros. A proposta, que prevê a cobrança de uma taxa fixa de 5% sobre a renda desses valores mobiliários a partir de 2026, ainda depende da aprovação do Congresso, mas já causa movimento nos bastidores do mercado financeiro.
Atualmente, o LCIS e o LCAS estão entre os investimentos favoritos daqueles que buscam segurança e bom retorno líquido. A mudança, no entanto, representa uma mudança significativa de cenário, forçando poupadores e planejadores a reavaliar estratégias para proteger o patrimônio e manter a lucratividade.
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Que mudanças na prática para o investidor?

LCIs e LCAs são instrumentos de crédito emitidos por instituições financeiras para arrecadar fundos destinados ao financiamento imobiliário e do agronegócio. Até agora, uma de suas principais vantagens foi a isenção para renda – o que tornou o retorno desses títulos extremamente competitivo contra alternativas tributáveis, como certificados de depósito bancário (CDBs) ou tesouro direto.
Com a nova proposta, a partir de 2026, a renda desses documentos sofrerá uma taxa fixa de 5%, mas apenas para investimentos feitos após essa data. Aqueles que adquirem os títulos até 31 de dezembro de 2025 manterão o direito à isenção atual, o que pode causar uma corrida a aplicações nos próximos meses.
A visão de especialistas
Para o planejador financeiro Caio Souza, a medida deve alterar a atratividade dos produtos de crédito isentos. “Essa tributação de 5% reduz ligeiramente a vantagem dos LCIs e LCAs em comparação com outros investimentos em renda fixa, como CDBs ou tesouro direto. Espera -se que os bancos ofereçam taxas mais altas nesses produtos para manter o interesse dos investidores”, diz ele.
Erika Carvalho Almeida, do Instituto Brasileiro de Executivos Finanças de Espírito Santo (IBEF-ES), acrescenta que a mudança pode forçar o investidor a reequilibrar seu portfólio. Segundo ela, a vantagem tributária não será mais um fator decisivo e outros elementos – como lucratividade líquida, prazos e riscos – ganharão mais peso nas decisões de alocação.
Alternativas para proteger a renda
Dada a futura tributação dos LCIs e LCAs, os investidores devem avaliar outras opções de renda fixa que podem oferecer retornos mais vantajosos. Veja alguns deles:
- Tesouraria: Opções como Selic, IPCA+ ou Tesouro prefixo oferecem previsibilidade, segurança e liquidez, apesar da tributação regressiva.
- CDBs de Banco Médio: Com taxas atraentes e garantia de FGC, elas se tornam uma alternativa sólida à nova realidade tributária.
- Fundos de renda fixa: Com um bom gerenciamento e custos controlados, eles podem ter retorno líquido mais competitivo, mesmo com o desconto de RI.
Além disso, os especialistas recomendam a atenção ao termo dos aplicativos. Com a nova proposta tributária, investimentos a longo prazo, que foram previamente favorecidos por uma tabela regressiva de IR, podem perder essa vantagem com a introdução de taxas fixas.
Outras medidas do pacote tributário
A nova tributação dos LCIs e LCAs faz parte de um pacote maior de ajustes fiscais do governo. Entre as outras propostas estão:
- Maior contribuição social no lucro líquido (CSLL) para instituições financeiras.
- Tributação de apostas esportivas.
- Taxa fixa de 17,5% Sobre valores mobiliários, fundos de renda fixa e pedidos de renda variável.
Essa mudança de regime – da tributação progressiva para uma única taxa – representa uma inflexão importante na maneira como o país trata os ganhos financeiros.
“Quanto mais tempo o investidor fica, menos imposto ele paga. Com essa nova proposta, isso é revertido: beneficia aqueles que investem no curto prazo e acabam penalizando quem tem uma visão de longo prazo”, explica Caio Souza.
E o iof?
A decisão de tributar os LCIs e LCAs é uma compensação pela revogação do aumento do IOF, focado em operações como empréstimos, financiamento e transações de moeda. Para Erika Almeida, essa recalibração deve afetar o custo das operações financeiras para indivíduos e empresas.
“O aumento do IOF aumenta diretamente o custo de operações de crédito de curto prazo, como empréstimos pessoais, cheque especial e financiamento. Para as empresas, a medida também produz operações de capital de giro e câmbio, o que pode afetar o planejamento financeiro e a transferência de custos. Na prática, isso pode reduzir a atratividade de algumas operações e forçar maior cautela no crédito”.
O que o investidor deve fazer agora?

Os especialistas recomendam agir rapidamente, mas sem desespero. Os investidores que desejam tirar proveito da isenção da RI em títulos de crédito devem considerá -lo aplicar antes de 2026, respeitando seu perfil de risco e horizonte de investimento.
O CAIO Souza guia: “Mais adiante, será essencial comparar a lucratividade líquida, o prazo e o perfil de risco das emissoras antes de decidir onde alocar”.
Essa mudança expande a necessidade de planejamento financeiro e monitoramento contínuo das novas regras. Em tempos de transformação no ambiente econômico, permanecer informado e buscar orientação especializada é essencial para preservar o patrimônio.
Com informações de: A gazeta