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segunda-feira, agosto 18, 2025

As estratégias de trabalhadores da construção nos EUA para escapar de blitze de Trump: ‘Tem que parecer menos latino, andar em carro de americano’

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Levando os nomes de negócios portugueses e chegando ao amanhecer no trabalho estão algumas das medidas tomadas em áreas onde há muita presença brasileira em Massachusetts. Os brasileiros formam uma importante força de trabalho na construção civil em Massachusetts. A Getty Images via BBC “Opinion” Brasileira, frequentando espaços brasileiros ou locais com concentração de brasileiros ou saindo para trabalhar em áreas que empregam brasileiros, correm o risco de imigrantes que vivem em uma situação irregular em Massachusetts, um estado que abriga grande parte da comunidade brasileira nos Estados Unidos. Clique aqui para seguir o canal de notícias internacional do G1 no WhatsApp “Temos medo de guardar o pé de casa”, diz Capixaba Douglas Souza, 37 anos, que trabalha com pisos desde que chegou ilegalmente há 1 e meio. “A pior decisão da minha vida foi vir aqui”. Na construção, que emprega milhares de brasileiros em Massachusetts, os imigrantes trabalham com a certeza de que eles são um dos alvos “mais fáceis” de gelo, o serviço de imigração e alfândega que administra operações para prender pessoas que vivem em uma situação irregular no país. É que eles são muito fáceis de identificar, explica Douglas, pois carregam ferramentas e andam em vans impressas com nomes de suas empresas de construção e reformas de casas. Os brasileiros ouvidos pela BBC News Brasil relatam que os empreendedores trocaram os nomes adesivos nas vans de serviço para ter menos latinos – recuperando os sobrenomes ou palavras em português, por exemplo. Outros preferem não usar impressões que possam identificar o carro como serviço – que acaba interrompendo o marketing e reduzindo a quantidade de clientes em potencial. A idéia é tentar disfarçar isso. “Se houver o nome brasileiro na van que veio me buscar, eu nem entro”, explica Douglas, geralmente subcontratada por empresas de colegas para prestar serviços nos pisos. Ele preferiu ir ao local de trabalho por conta própria. “Temos que parecer menos latim. Há pessoas que preferem andar em carros que os americanos gostam, não os que, brasileiros, gostam”, diz Douglas, que incluiu na rotina que acompanha os grupos do WhatsApp para descobrir se há notícias de operações de gelo e espionando a rua antes de decidir sair de casa em Lowell. No estado, há relatos de blitz de gelo impedindo as vans de empresas de construção em cidades como Milford e Everett, duas que concentram grande parte da comunidade brasileira, de acordo com o advogado Antonio Massa, que defende imigrantes na região. Em um domingo do início de maio, uma ação no centro de Framingham, outra fortaleza brasileira, aterrorizou os fiéis na saída das igrejas evangélicas. Os dados de 2021 da pesquisa demográfica da American Community Survey (ACS) apontam que 25,2% dos empregos ocupados por brasileiros em Massachusetts estão no setor de construção – uma proporção duas vezes mais do que nos Estados Unidos, como um todo, onde 12,5% dos trabalhadores são dessa área. Mais brasileiros são deportados dos Estados Unidos e da terra na MG desde 2010, os brasileiros formam a maior comunidade de imigrantes desse estado, de acordo com o Instituto Brasil da Diáspora, baseado em Boston, a cidade principal da região. Em tamanho, ela perde apenas para a comunidade brasileira da Flórida. Nas estimativas do Ministério das Relações Exteriores brasileiras, cerca de 420 mil brasileiros (entre pessoas com imigração regular e irregular) viveram na jurisdição do consulado de Boston, em 2023. Para Álvaro Lima, diretor do estado de Brasil e número de riqueza. “Pode ser visto na revitalização de cidades e bairros abandonados que se tornaram lugares vibrantes”, explica Lima, que enviou com outras instituições uma carta ao governo Lula pedindo mais apoio da comunidade nos Estados Unidos. “Hoje somos caçados como animais”, acrescenta. Em todo o país, em Los Angeles, Califórnia, protestos estouraram após uma operação de gelo em uma loja de departamentos em edifícios, Home Depot. É uma empresa conhecida por reunir trabalhadores irregulares de imigrantes em busca de obras. Desde que assumiu, o presidente Donald Trump prometeu o maior programa de deportação de imigrantes da história dos EUA, argumentando que a imigração descontrolada estaria “envenenando o sangue” do país, “pegando vagas” e pressionando serviços públicos. Mesmo que prometesse inicialmente a perseguição a criminosos condenados, o governo expandiu seu escopo para todos os imigrantes, algo já assimilado pela comunidade brasileira. No início de junho, cerca de 51.000 imigrantes indocumentados haviam sido detidos pelo ICE, o maior número já registrado desde setembro de 2019. Mas a Casa Branca já disse que o ICE pode atingir até 3.000 prisões por dia, o que representa um aumento significativo em cerca de 660 prisões diárias, verificadas durante os primeiros cem dias do segundo mandato de Trump. Os dados aos quais o jornal Boston Globe tiveram acesso para mostrar que esse objetivo de aumentar as prisões do governo de Trump aumentou as operações nas áreas brasileiras de Massachusetts nas últimas semanas. Somente em maio, houve quase 1.500 prisões, metade delas de pessoas sem antecedentes criminais, em cidades como Milford e Worcester, onde há uma presença significativa de brasileiros. Mulher imigrante de ‘Cometi um grande erro’ é preso na operação de gelo enquanto trabalha em uma fábrica de Nebraska em junho de 2025. Reuters via BBC da Vitória (ES), Douglas Souza entrou no Estados Unidos na fronteira com o México, fazendo uma dívida de US $ 200.000 para sua esposa com um coyote – chamado Screamgler que vende a riscos. No Brasil, o Capixaba diz que tinha uma renda mensal média de R $ 10.000 atuando na aplicação de pisos por 14 anos. Mas ele diz que foi “atraído” nas redes sociais pela promessa de ganhos milionários. Douglas avalia que hoje ele tem o mesmo desempenho – convertendo em reais – que ele tinha em Espírito Santo, prestando o mesmo serviço. “Cometi um grande erro vindo aqui”, ele reflete. O Capixaba entregou à fronteira ainda no governo de Biden e entrou com um pedido para permanecer no país. Agora você espera que seus procedimentos no tribunal descubram se você pode ou não ficar no país. Mesmo com um processo já em andamento, ele teme ser pego pelo gelo. “Eles estão segurando todos, só então veem a situação de cada um”. Uma vez nos Estados Unidos, o brasileiro até aplaudiu a vitória de Donald Trump nas eleições de 2024. “Eu pensei que iria melhorar, criar mais serviços, mesmo que eu tenha enviado um pouco. Mas, na minha opinião, está causando caos, já está faltando trabalho”. Ele espera pagar os US $ 100.000 restantes que deve ao coiote e retornar ao Brasil em 2026. Mineiro Tiago Machado, 42 anos, inspetor de obras em Boston, diz que há uma diminuição no fornecimento de trabalho no setor, em face das incertezas dos cidadãos americanos e do futuro. “As pessoas não querem construir, criar dívidas”, diz Machado. Muitas cidades de Massachusetts, onde Douglas e James Live, são considerados “santuários”. Ou seja, eles limitam a cooperação com o governo nacional na aplicação da lei de imigração. Isso não significa, no entanto, que o gelo não pode agir, como está fazendo. Em outros estados, como a Flórida, a cooperação entre as autoridades locais e nacionais está mais presente. Gaucho Fernando Santos, 47 anos, é dono de uma empresa de reforma imobiliária na região de Miami e relata que os agentes de trânsito estão interrompendo as vans conduzidas pelos imigrantes a caminho do serviço. “Isso já aconteceu antes, que eles buscam as vans, mas agora é outra dimensão”, diz Santos. Para contornar a ofensiva do governo, o brasileiro mudou maneiras de trabalhar. No volante das vans, Santos colocou os motoristas contratados exclusivamente para este trabalho e que têm status migratório regular. Assim, uma vez parado na blitz, ele pode ser lançado. É uma despesa extra para a empresa, desde antes dos próprios trabalhadores da construção dirigir o carro. A situação é pior, diz Santos, nas estradas em direção a grandes cidades como Miami ou em áreas da Flórida com a menor presença da comunidade latina. “Meus funcionários estão com medo. Eles trabalham porque precisam trabalhar. No fim de semana, muitos nem saem de casa”, diz Santos. Somente no mês passado, dois de seus funcionários, ambos da Colômbia, foram presos. A BBC News Brasil questionou o ICE sobre o número de brasileiros detidos nos últimos meses, mas não respondeu. Itamaraty também não divulgou esses números. Os manifestantes apóiam imigrantes em Boston. John Tlumack/The Boston Globe/Getty Images via BBC Ocultas de brasileiros vazios com alta tensão entre a comunidade brasileira, lojas e restaurantes típicos do país sentiram os efeitos do cerco aos imigrantes. Por 33 anos nos EUA, Gaucho Marcelo Gomez, 58 anos, atos importando produtos que agradam brasileiros, vendendo de produtos de limpeza a biquínis para cerca de 300 lojas no país. Em junho, ele diz que está vendendo apenas 15% do que normalmente vendeu. “Pessoas com medo mantêm dinheiro, não compram. Está sendo pior do que a crise de 2008”, diz Gomez. “Meu cliente não está bem, então não estou bem. As lojas estão vazias, o gelo já atingiu lojas brasileiras e isso cria um estigma para elas, ninguém quer mais ir.” Proprietário de um restaurante brasileiro em Norwood, Massachusetts, Gabriel (o nome trocado a pedido do entrevistado) relata que ele já sente uma queda de 30% no movimento, numa época em que os brasileiros consumiriam mais, pois fica perto do início do verão. O clima de apreensão não é apenas entre os clientes, mas também entre os funcionários, diz Gabriel, que carrega o porta -luvas do carro, cinco documentos que o autorizam a ser um guardião legal de filhos de funcionários se forem detidos por gelo. “O maior medo é que essas crianças parem em um abrigo”, diz Gabriel, também proprietário de um mármore na região. Alguns de seus funcionários, diz ele, estão optando por acordar cedo para começar a trabalhar antes que o sol nasce e evitando quaisquer operações da manhã de gelo. “Eles acham que evitarão serem pegos”. Os funcionários da Itamaraty relataram à BBC um aumento substancial no pedido de emissão de certidões de nascimento e passaportes atualizados para brasileiros e seus filhos, devido ao medo de que as famílias sejam separadas. O Consulado de Boston é uma das ordens para filmar, juntamente com Nova York, Washington DC e Hartford.



g1

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