A flexibilidade no código de trânsito reduziu as penalidades de veículos registradas em nome das empresas e enfraqueceram a responsabilidade por infrações, alerta especialistas. A multa para a não identificação do motorista (NIC) foi uma das infrações de crescimento mais rápido no Brasil nos últimos anos e é aplicado a uma entidade legal que não identifica o motorista de um veículo de sua propriedade a tempo. Segundo especialistas, o “Nic Fine” permite que os motoristas escapem da suspensão da carteira de motorista nacional (CNH), mesmo depois de cometer infrações. A pesquisa do G1 mostrou que o Brasil nunca teve tantas multas de trânsito e, ao mesmo tempo, poucos suspenderam o CNHS. Nos últimos doze anos, Nic foi uma das ofensas que mais crescem – passou de 68.000 registros para 3 milhões em 2024. Sem a identificação do motorista, mas não há registro de pontos na qualificação de ninguém. “A questão do CNPJ Fine é realmente um buraco no sistema”, diz Ciro Biderman, diretor da FGV Cities. “Os pontos não são contabilizados por ninguém e algumas pessoas já notaram esse buraco e estão gostando”. Os CNHs suspensos até cair com finos infográficos recordes mostram os principais tipos de multa. O ART/G1 Além disso, uma mudança nas regras do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) abriu uma violação ainda maior, tornando as punições mais suaves para veículos registrados em nome das empresas (CNPJ) quando o motorista responsável não é indicado. Com a nova redação do artigo 257, em vigor desde 21 de abril de 2022, o período que foi de 15 dias foi para 30 dias e a penalidade foi suavizada: a infração não é mais multiplicada por todas as infrações cometidas pelo veículo – apenas a quantidade da multa é dobrada. Atualmente, existem cerca de 14,2 milhões de veículos registrados em nome do CNPJS no Brasil, representando 14,7% da frota total do país. Além desse público, as multas incluem empresas com frotas e motoristas de veículos, como empresas de entrega, por exemplo. Para o professor Antonio Clovis Pinto Ferraz, do campus da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, a flexibilidade contribui para aumentar o risco nas estradas. “No momento em que você reduz o peso da consequência, especialmente para aqueles que dirigem veículos corporativos, o risco de recorrência aumenta. A punição perde força, a infração é trivializada”. Procurado, o Secretariado Nacional de Trânsito (Senatran), ligado ao Ministério dos Transportes, disse que não é possível “afirmar com precisão os fatores que levaram à elevação das avaliações”. No entanto, a pasta apontou que o não pagamento da multa resulta no bloqueio da transferência de propriedades, licenciamento anual e emissão do Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV). Infográfico – Alterações no código de tráfego brasileiro entre 2021 e 2022 Artes/G1 Qual é a Fine NIC (identificação não -motorista)? Os motoristas que receberam notificação de multa de trânsito registrados entre fevereiro e novembro podem recorrer até janeiro de 2021 depran-ms/divulgação A multa para a não identificação do motorista (NIC) é aplicada quando uma infração é cometida por um veículo em nome de uma empresa (CNPJ), e a empresa não informa, dentro do prazo legal, que estava dirigindo. Com isso, não é possível atribuir pontos ao portfólio de qualquer motorista. Desde 2021, a penalidade para esse tipo de infração tornou -se mais branda. O valor da multa é dobrado, mas não há impacto na carteira de motorista. Isso representa uma mudança importante: antes, a multa foi multiplicada pela quantidade de infrações comprometidas com esse carro. Os especialistas avaliam que a nova regra incentiva a omissão, pois muitas empresas preferem pagar o valor duplo da multa para indicar quem estava dirigindo.
g1