Com a formalização da Comissão Parlamentar Mista do INSS (CPMI), o Partido dos Trabalhadores (PT) desenha uma linha de ação política que combina confronto direto com a oposição e a expectativa de um cenário de divisão de atenção provocada por possíveis consequências no processo judicial que envolve o ex -presidente Jair Bolsonaro.
A medida busca mitigar os danos políticos do escândalo de descontos inadequados na aposentadoria, que mudou os números bilionários nos últimos anos.
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Comissão vence o corpo para investigar a fraude do INSS

O INSS CPMI foi criado oficialmente no dia 17 pelo presidente do Congresso Nacional, o senador Davi Alcolumbre (Union-AP). Composto por 30 membros entre deputados e senadores, a Comissão deve investigar um esquema de descontos fraudulentos aplicados a benefícios da Previdência Social que cresceram nos últimos governos e adicionar desvios bilionários. O conselho, no entanto, deve começar seu trabalho após o recesso parlamentar, programado para terminar em agosto.
No PT, os preparativos para ocupar a comissão avançam rapidamente. O acrônimo decidiu que seus representantes terão um perfil combativo. Um dos nomes já confirmados é o do vice-vice-Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro do Secretariado do Governo de Lula de Comunicação Social, conhecido por sua postura feroz em debates políticos. Além disso, três outros detentores devem se juntar ao grupo, ainda na fase de definição.
Aposta em danos controlados
Apesar do tom de confronto, os líderes da PT esperam que o ambiente político se torne menos hostil até o início das investigações. Uma das razões é a previsão de que, até então, o governo já iniciou o processo de reembolso de aposentados e pensionistas prejudicados por acusações impróprias. Eles avaliam essa medida, podem reduzir o desgaste institucional e político do executivo federal.
Além disso, a conjuntura nacional pode dividir o foco da população. A Suprema Corte federal (STF) deve concluir nos próximos meses o julgamento envolvendo Bolsonaro e aliados em uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022. Estima -se que a decisão seja anunciada entre agosto e setembro – precisamente quando o CPMI do INSS estará em sua fase mais intensa das atividades.
A condenação do ex -presidente, se confirmada, pode desviar a atenção da opinião pública dos holofotes sobre a Comissão, criando um ambiente menos desfavorável para o governo Lula.
Fala alinhada e foco em “Dagger verde e amarelo”

A retórica do PT foi ajustada para reforçar a narrativa de que a administração anterior tentou minar a democracia brasileira. O partido intensificou o discurso de que Jair Bolsonaro e seus aliados criaram ações para desestabilizar o país e, entre as acusações mais sérias, é o suposto plano chamado “Dagger Green e Amarelo”.
Segundo Petistas, o plano prevê ataques contra o presidente Lula, o vice -presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. A idéia é usar essa linha de argumento como um contraponto aos ataques que o governo deve sofrer durante o trabalho da CPMI.
Nome dos parlamentares no radar de investigações
O governo também tem a possibilidade de que o escândalo de descontos inadequados atinja outros nomes importantes no Congresso. A informação, ainda nos bastidores, é que as evidências podem surgir envolvendo parlamentares da oposição – o que teria o efeito de desestabilizar a narrativa contra o platô e tornar a comissão um campo minado para seus próprios críticos.
“É uma coisa muito séria e há muitas pessoas importantes para aparecer. Muitas pessoas, e tenho certeza disso”, disse um interlocutor ligado ao Planalto Palace.
Essa expectativa faz parte da estratégia do governo de transformar o CPMI em um instrumento de desgaste político, não apenas para se defender, mas também para retornar parte da pressão à oposição.
PT busca equilíbrio entre combate e proteção
A condução do PT no CPMI será baseada em um equilíbrio entre ofensivo político e controle de danos. Ao preparar parlamentares combativos para o confronto, o partido aposta em ações práticas do governo, como a restituição de valores a beneficiários feridos, para neutralizar as críticas.
Essa abordagem dupla serve tanto para reforçar o compromisso do executivo com a transparência quanto a responsabilidade dos envolvidos e a diluir o foco das acusações no meio de outras crises políticas e judiciais.
O CPMI do INSS tem o potencial de redefinir o ambiente político no segundo semestre de 2025. Dependendo do progresso dos julgamentos na Suprema Corte e do comportamento dos parlamentares durante as sessões da Comissão, o governo de Lula pode ser fortalecido ou ainda mais pressionado. Parece que os próximos meses serão confrontos intensos no Congresso Nacional – e atenção extra da sociedade brasileira.
Com informações de: OLHAR