Terça -feira (8) foi marcada por um movimento de socorro nos mercados globais, refletido diretamente no intercâmbio brasileiro. O dólar em dinheiro caiu 0,58% e encerrou o dia cotado em R $ 5.4458, depois de atingir um mínimo de R $ 5.4357 durante a sessão. A queda ocorreu apesar das tensões geradas no dia anterior pelo anúncio de tarifas comerciais pelos Estados Unidos contra 14 países.
Os analistas apontam que, mesmo com o cenário ainda delicado para o comércio internacional, os investidores novamente mostraram apetite por moedas de economias emergentes, como o Real. Os sinais de negociações em andamento e um tom mais cauteloso do governo dos EUA suavizaram a aversão ao risco.
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As negociações suavizam o clima após tarifas

Na segunda -feira (7), o mercado ficou surpreso com o anúncio de novas tarifas americanas, variando de 20% a 40% sobre produtos de países como Japão, Coréia do Sul e África do Sul. O endurecimento do discurso do presidente Donald Trump também chegou ao Brasil com ameaças de sobrecarregar a membros do BRICS.
Na terça -feira, no entanto, os discursos do Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, ajudaram a acalmar os investidores. Lutnick disse que os Estados Unidos estão em uma “posição muito boa” nas conversas com a China e que a União Europeia já apresentou “ofertas reais” em negociações comerciais.
Embora Trump tenha sinalizado novas taxas para setores como farmacêutico, chips e cobre nas próximas semanas, o mercado reagiu bem a um tom menos beligerante, pois as novas medidas ocorrem apenas em agosto, dando espaço para novas rodadas de diálogo.
Ganhos reais de força entre emergente
O retiro do dólar no mercado brasileiro estava alinhado com o comportamento da moeda americana no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis, perdeu força ao longo do dia e fechou cerca de 97,5 pontos, anulando os ganhos da manhã.
Entre as moedas latino -americanas, o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul -africano também avaliaram o dólar. O economista Rafael Prado de Go Associados acredita que o cenário de enfraquecimento do dólar tende a se estender, favorecendo moedas emergentes como o Real.
Segundo Prado, apesar dos episódios específicos de aversão ao risco, o dólar segue a trajetória do enfraquecimento, tanto pelo interesse do governo Trump reduzir o déficit comercial quanto a expectativa de novos cortes de interesse para Federal Reserve.
Perspectivas para a taxa de câmbio
Mesmo com a queda registrada hoje, o dólar ainda se acumula 0,39% em julho, mas se retira 11,88% no 2025 acumulado. Para Rafael Prado, a tendência dos próximos meses é a verdadeira apreciação e pode atingir US $ 5,35 em um cenário mais otimista. Para o final do ano, a projeção é uma cotação de cerca de R $ 5,65.
Ele ressalta, no entanto, que os riscos tributários internos seguem no radar, mas pelo tempo em segundo plano. A diferença de interesse entre o Brasil e os EUA, que deve aumentar com os cortes do Fed, também favorece o real a curto prazo.
Interno: IOF e cenário fiscal
Na frente doméstica, outro fator que se seguiu ao radar dos investidores foi o impasse envolvendo o aumento das taxas de imposto sobre operações tributárias (IOF). O ministro do Planejamento Simone Tebet disse no Congresso ouvindo uma conciliação para a questão até 15 de julho, uma reunião agendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão da Suprema Corte de suspender os decretos do IOF aumentou a incerteza no mercado, embora o impacto na taxa de câmbio tenha sido limitado na sessão de hoje.
Petróleo e minério ajudam a emergir

A modesta apreciação dos preços do petróleo e do minério de ferro na terça -feira também ajudou a reforçar o apetite por moedas de países exportadores de commodities.
A melhoria nessas citações contribuiu para a recuperação do real, embora os ganhos tenham sido contidos pela cautela geral diante das tensões comerciais globais.
O que esperar de agora em diante?
O mercado de câmbio deve estar ciente dos próximos capítulos da disputa comercial americana, especialmente no que diz respeito às negociações com a China e a União Européia. Internamente, as discussões fiscais e o progresso da política monetária no Brasil também podem influenciar o curso do dólar nas próximas semanas.
Para o investidor, o cenário atual é de volatilidade, mas com viés de avaliação para o real, se o ambiente externo seguir, favorecendo as moedas emergentes e o Fed continuar a sinalizar cortes na taxa de juros americana.