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quarta-feira, julho 23, 2025

Fintechs e impostos: veja como o aumento pode afetar o custo das contas digitais

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Nos últimos anos, os fintechs ganharam espaço no mercado financeiro brasileiro, oferecendo serviços acessíveis, digitais e geralmente gratuitos, especialmente para a população de baixa renda. No entanto, uma nova proposta do governo federal destinada a aumentar a tributação dessas empresas acendeu um sinal de alerta no setor. O objetivo da medida é compensar a revisão do aumento do IOF (imposto sobre operações financeiras) e ajudar a conter o déficit tributário, mas especialistas e entidades setoriais alertam sobre os riscos que essa decisão pode levar à inclusão financeira e à concorrência no sistema bancário.

Leia mais: Fintechs fiscais podem aumentar o custo de crédito e as taxas bancárias, aponta a entidade

A nova proposta visa aumentar a CSLL para fintechs

5 fintechs
Imagem: Joyseulay/ShutterTock

A proposta em discussão no governo pretende aumentar a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) de fintechs, comparando -os em parte às instituições financeiras tradicionais. Atualmente, essas empresas pagam taxas de 9%, 15%e 20%, dependendo de suas atividades. Com a mudança, a maioria dos fintechs, que hoje está na faixa de 9%, seria tributada em 15%ou 20%.

Para o governo, essa mudança ajudaria a compensar a perda de receita com a revisão do IOF, enquanto buscava maneiras de fechar as contas públicas no meio de um cenário fiscal desafiador.

Serviços gratuitos podem ser comprometidos

Especialistas apontam que a medida pode ter impactos diretos nos consumidores. Eduardo Lopes, presidente da Zetta – uma associação que representa nomes como Nubank e Picpay – explica que o aumento da carga tributária será transmitido aos clientes.

“Eventualmente, esse custo deverá ser transmitido na forma de tarifas. Além disso, as contas isentas podem não ser mais isentas, o custo de crédito pode ser mais caro, com uma oferta de crédito mais baixa a populações de risco mais altas”, diz Lopes.

Isso significa que os serviços gratuitos, que hoje são uma das principais ferramentas de inclusão financeira do país, podem se tornar inviáveis. A população de baixa renda, mais beneficiada por essas plataformas, também seria a mais prejudicada.

Inclusão financeira em risco

Para Diego Perez, presidente da ABFINTECHS, o aumento da CSLL compromete os avanços feitos nas últimas décadas. A entidade argumenta que o desempenho dos fintechs foi fundamental para a expansão do acesso a serviços financeiros no Brasil.

“Os fintechs prestam serviços gratuitos e acessíveis ao cidadão. Quando o tributo aumenta, esses modelos sem tarifas podem ser inviáveis. E para a população de baixa renda, qualquer tarifa o repensa se você deseja esse serviço”, disse Perez.

Os dados do Instituto de Pesquisa Econômica da Fundação (FIPE) reforçam esse argumento. Entre 2012 e 2024, o número de brasileiros com acesso a serviços financeiros aumentou de 119 milhões para 175 milhões. Além disso, o surgimento e a expansão dos fintechs ajudaram a reduzir a concentração bancária e promoveu uma queda de 37% nos gastos do consumidor nas tarifas bancárias.

Regulação diferenciada e natureza distinta

Fintechs
Imagem: Freepik

Outro ponto central levantado pelas entidades do setor é que os fintechs não devem ser tratados como bancos tradicionais. A ABFINTECHS argumenta que essas empresas têm uma natureza jurídica e modelos de operação distintos, o que justificaria a tributação específica.

A associação argumenta que, diferentemente dos bancos, os fintechs não realizam intermediação financeira – ou seja, eles não aumentam os clientes para conceder empréstimos – e, portanto, não devem estar sujeitos ao mesmo regime tributário.

“É inapropriado sujeitá -los ao mesmo regime tributário aplicável aos bancos”, diz a entidade.

Cenário pode favorecer a concentração bancária

Além do impacto direto no bolso do consumidor, os especialistas também apontam que o aumento da tributação pode minar a concorrência no setor financeiro. Ao obter os custos operacionais dos fintechs, o governo estaria indiretamente a favor de grandes bancos, que já dominam a maior parte do mercado e têm infraestrutura mais robusta para lidar com mudanças fiscais.

A ABFINTECHS adverte que isso pode resultar em um revés nos avanços promovidos pela digitalização de serviços financeiros e fortalecendo um sistema bancário mais concentrado e menos inovador.

Como os fintechs são tribuídos hoje?

A CSLL aplicada hoje em fintechs varia de acordo com o serviço prestado. A maioria dessas empresas se encaixa na taxa de 9%, semelhante à que pagam indústrias, negociações e prestadores de serviços gerais. No entanto, alguns fintechs que oferecem serviços mais complexos, como crédito ou seguro, já são tributados nas faixas mais altas, 15% ou até 20%.

Os bancos tradicionais, por outro lado, estão sujeitos a uma taxa de 20%, independentemente do tipo de operação que eles executam. A proposta do governo é nivelar esse cenário para garantir uma maior coleta e reduzir as distorções entre os contribuintes no setor financeiro.

O debate segue iluminado

A discussão sobre o aumento da CSLL de fintechs ainda está na agenda nas esferas políticas e econômicas. Enquanto o governo busca alternativas para equilibrar as contas públicas, os representantes da FinTech argumentam que qualquer mudança no modelo tributário leva em consideração o impacto social e econômico da medida.

Se a proposta estiver à frente sem adaptações, os consumidores podem ser os mais altos, com taxas maiores, menos acesso ao crédito e serviços bancários menos inclusivos. O risco de desencorajar a inovação e o aumento da concentração no setor financeiro também é uma preocupação latente.

Com informações de: Economia – UOL



Fonte Seu Crédito Digital

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