De acordo com um novo estudo, um impacto entre dois protoplanetas de massa semelhante pode explicar a composição do mercúrio
Mercúrio é o menor planeta do sistema solar. Além disso, é o que está localizado mais próximo do sol. Cheio de crateras e com temperaturas extremas, possui um grande núcleo metálico e uma capa de rocha relativamente pequena.
Essas características têm cientistas intrigados há décadas. Até agora, a explicação mais aceita foi que o planeta perdeu grande parte da crosta e capa depois de colidir com um grande corpo celestial. No entanto, um novo estudo propõe uma explicação diferente.

Uma competição no espaço
O problema com a teoria mais antiga é que simulações dinâmicas mostram que esse tipo de impacto envolvendo corpos de massa muito diferentes é extremamente raro. Publicado na revista Astronomia da naturezaO novo trabalho apresenta como alternativa um evento mais plausível.
Segundo os pesquisadores, um Impacto entre dois protoplanetas de massa semelhantes pode explicar a composição do mercúrio.
A equipe argumenta que a colisão teria ocorrido em um estágio relativamente tardio na formação do sistema solar. Nesse período, corpos rochosos de tamanhos semelhantes competiram pelo espaço nas regiões internas, mais próximas do sol.
Eles estavam evoluindo objetos, dentro de um berçário de embriões planetários, interagindo gravitacional, perturbando as órbitas umas das outras e até colidindo, até que apenas as configurações orbitais bem definidas e estáveis que conhecemos hoje permaneceram hoje.
Patrick Franco, primeiro autor do estudo

Para recriar esse cenário hipotético, os pesquisadores usaram um método numérico computacional chamado “hidrodinâmica de partículas amolecidas” (SGH). Ele pode simular gases, líquidos e materiais sólidos em movimento, especialmente em contextos envolvendo grandes deformações, colisões ou fragmentações.
Através de simulações detalhadas em hidrodinâmica de partículas amolecidas, descobrimos que é possível reproduzir a massa total de mercúrio e sua proporção incomum de metal para silicato com alta precisão. A margem de erro do modelo foi inferior a 5%. Assumimos que Mercúrio teria inicialmente uma composição semelhante à dos outros planetas terrestres. A colisão teria rasgado até 60% de sua capa original, o que explicaria seu aumento da metalidade.
Patrick Franco, primeiro autor do estudo
Leia mais

Peças de mercúrio teriam sido incorporadas por outro planeta
- Além disso, o novo modelo evita uma limitação de cenários anteriores.
- Os cientistas explicam que o material rasgado durante a colisão pode ser reincorporado pelo próprio planeta.
- Se fosse esse o caso, o Mercúrio não exibiria sua atual desproporção entre núcleo e capa.
- Portanto, a equipe acredita que parte do material rasgado pode ter sido expulso, tendo sido incorporado por outro planeta em formação, talvez Vênus.
- Essa hipótese, no entanto, ainda precisa ser melhor estudada pela ciência, admite os próprios autores.

Colaboração para a aparência digital
Alessandro Di Lorenzo é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e trabalha na área desde 2014. Ele trabalhou nas redações da Bandnews FM em Porto Alegre e São Paulo.